William
Shakespeare nunca foi tão universal e tão tupiniquim quanto na montagem da
Armazém Companhia de Teatro, no momento em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro. Está
tudo lá, apesar, ou por causa mesmo, da versão dramatúrgica de Maurício Arruda
Mendonça, direção criativa de Paulo de Moraes e de ter no papel principal a
atriz Patrícia Selonk. Um espetáculo que se você puder,
não perca.
não perca.
Não
tem como não lembrar nossa situação política quando vemos o príncipe Hamlet se
debatendo em busca de justiça contra o rei (seu tio), que usurpou o trono
depois de ter matado o irmão e casado com a rainha, disposto a tudo para manter
o poder, a cometer todos os crimes em particular, apesar do discurso polido
para a galera. Mas a quem ele pensa enganar, a Hamlet, que sabe tudo?
Fico
tentado mesmo a forçar a barra e reduzir a tragédia shakespeariana a nossa
pequena história, a identificar cada personagem nacional na tragédia, assim
Moro seria o Hamlet querendo justiça, se debatendo para provar e incriminar o
rei, seu tio, e a rainha, sua mãe. O rei seria Temer, que para alguns usurpou o
poder e se agarra ao trono como pode, para outros seria Lula, que quer de toda
forma voltar ao poder para enfrentar Hamlet/Moro. Gertrudes, a rainha, poderia ser Dilma, ou
Moreira Franco, não me perguntem por quê. Polônio, a quem Hamlet trata como
tolo, poderia ser Rodrigo Maia, mas há diferença, pelo que parece dessa vez
Polônio sai vivinho da história com direito a ocupar o trono. Ofélia seria
quem? Gleisi? Dilma, de novo? Como Ofélia cometeu suicídio... político. O coveiro revela que Ofélia não poderia está sendo enterrada em campo-santo
porque cometera suicídio, e porque está? Porque o laudo encomendado ao legista
diz o contrario e ele (o coveiro) está ali para cumprir ordens.
O coveiro
passa ao príncipe a caveira de Yorick, que fora bobo da corte, e Hamlet faz o
famoso discurso "Ai, pobre Yorick...", perguntando onde estão suas
risadas, suas cambalhotas etc etc... revelando que a ganância é coisa vã, que
todos terminaremos como Yorick. Será que o ex-governador Sérgio Cabral sabe
disso?
Tem
o fantasma do pai de Hamlet, que lhe aparece para falar que,
na realidade, foi envenenado por seu irmão que naquela hora ocupa seu trono e
sua cama. Quem poderia ser o fantasma? Seria deselegante dizer que é o prefeito
Celso Daniel, cujo fantasma a todo momento ameaça voltar, assombrando alguns
poderosos?
Como veem
está tudo lá, assassinato, corrupção, usurpação do poder, laudo encomendado, traição...,
a diferença é que em Shakespeare tem poesia.
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