A melhor forma de educar os
filhos, ou uma nação, será sempre dando bons exemplos, como qualquer pessoa sensata
sabe. Mas que exemplos temos dado aos nossos? Semana que passou veio da Suprema
Corte, através das ações do Ministro Gilmar Mendes, um grande exemplo, ele com
desrespeito e arrogância mandou para casa os corruptos dos transportes públicos
do Rio de Janeiro, que se aliaram ao governo para roubar o povo, demonstrando,
mais uma vez, que aqui o crime compensa. Esse foi o grande exemplo que o ministro nos deu.
Mas nós que ficamos indignados com isso o que temos feito para melhorar o país, além de ficar reclamando nas redes sociais, ou nos xingando mutuamente quando vemos nossos representantes sendo apontados, não sem razão, pelo malfeito que fizeram?
As crises política e econômica
trouxeram para o primeiro plano o que temos de pior, mostrando que somos um
povo violento, corrupto, mal educado, desrespeitoso com quem é diferente, que
exercemos pouco nossa cidadania e delegamos ao Estado, aos políticos, a
obrigação de resolver todos os nossos problemas. Mas quando eles não resolvem,
ao contrário, aprofundam nossas mazelas, o que fazemos? E se não confiamos nos
políticos porque brigamos para deixar em suas mãos as empresas estatais e o dever
de resolver nossas questões?
Vivemos um momento crucial, a
maior crise econômica e de representatividade que o pais já viveu. Quem sabe,
esta é a oportunidade que temos para rever nossos conceitos de povo, cidadania,
governo, política, de forma que nos permita atravessar este momento difícil para
sair dele com outra cara de nação. Mas para isso precisamos perguntar qual é o
nosso dever e a nossa culpa nessa crise, porque ficar lamentando e jogando a
culpa para os políticos somente, já vimos que não é a solução. Junho de 2013
demonstrou que podemos fazer muito mais e precisamos fazer, mas as manifestações
de impacto, que amedrontam os poderosos, não terão consequências duráveis, nem
nos melhorarão como povo, se não fizermos o nosso dever de casa, se não compreendermos
que são nossas pequenas ações que formam o alicerce para empreendermos a nossa
caminhada ao futuro de bem estar social que queremos como nação.
São muitos os deveres de casa, se
você quer mesmo viver num país melhor precisa fazer cada um deles. A educação é
primordial, não a educação que seu filho vai buscar na escola apenas, mas a que
você dá de exemplo em casa, respeitando as pessoas, não incomodando os vizinhos
com seu som nas alturas, acudindo a quem chega até você pedindo ajuda, tomando
conta de sua rua para que não a transformem em terra de ninguém, não querendo
tirar vantagem sobre os outros como fizeram os consumidores em Natal que
obrigaram um lojista a vender uma TV anunciada por 10% do preço, valor erradamente
escrito na placa, uma falha humana. Mas os consumidores se acharam no direito
de tirar vantagem, pressionaram o Ministério Público e este lhes deu razão,
vejam bem. Você pode pensar, mas está na lei, o preço que vale é o que está
escrito. Sim, se você pega uma lata de leite apontada a 10,00 e ao chegar ao
caixa descobre que é 15,00, você pode reclamar porque, quem sabe, foi malandragem
do comerciante para atrair freguesia. Mas se você vir um objeto por 10% do valor,
porque alguém colocou a placa errada, para ser honesto, você chamará o vendedor
e apontará o erro, não vai querer tirar proveito dele.
Se você juntar as ações do
Ministro do Supremo lá em cima e a dos consumidores de Natal aqui embaixo,
vai ver que tudo faz parte da mesma visão de mundo, onde a justiça e a
honestidade dão lugar a arrogância e a esperteza.
Precisamos sair às ruas para
cobrar nossos direitos, mas se nossos deveres não forem cumpridos, poderemos
até ter sucesso, mas será temporário, não nos prepararão para uma grande nação.
E não confunda tamanho com grandeza, o Japão é bem pequeno, não tem as
florestas nem as riquezas minerais que temos, mas nos dá um banho em desenvolvimento
e educação.
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