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VIOLÊNCIA E PERMISSIVIDADE NAS ESCOLAS



Fico me perguntando como uma conversa entre um professor e um aluno pode terminar em agressão física. Certamente os dois estão doentes, melhor, todo o ambiente em que vivem. Como nos lembra o velho ditado: quando um não quer, dois não brigam. O Brasil aparece em primeiro lugar no ranque das nações onde as salas de aula se transformaram em ringue. Delineia-se como provável causa a permissividade que no país tomou conta da educação. 

A violência que se alastra pelo país chegou há muito às salas de aula, é o reflexo mais danoso da impunidade geral. Acredito no que diz a professora agredida que essa semana tomou conta das redes sociais e dos programas de TV, assim como no que diz o aluno agressor. Por isso acho estranho que pensem que se trata de violência gratuita e não o ápice de um conjunto de atitudes que levam as pessoas a isso. 

O desrespeito com os professores é reflexo da própria educação que deixa ao aluno a faculdade de agir da forma e como quiser, pessoas que sabem seus direitos, mas não aprenderam seus deveres. Passamos de um estágio onde o professor era o todo poderoso, o que tinha o conhecimento inconteste na sala, para um ambiente aonde os alunos chegam, às vezes, mais bem informados que o professor sobre determinados assuntos. Mais do que isso, numa sociedade onde os ponteiros se inverteram, a palavra da autoridade mesmo quando coberta de razão pode ser contestada, ou não acatada, e fica por isso mesmo. Não é o que temos visto na luta política e de poder que nossos representantes vem nos dando como exemplo o tempo todo? 

Num momento em que as famílias perderam a mão na educação dos filhos e transferem para a escola essa responsabilidade, esses jovens encontram uma escola onde, muitas vezes, também não sabe como lhe dá com eles, que contestam abertamente o professor porque lhe informaram que ali todos são iguais, e eles entendem igualdade com ausência de autoridade, que é um erro de compreensão. Porque a igualdade entre as pessoas não prescinde da autoridade moral e intelectual de quem está na condição de transmitir os conteúdos na sala de aula. Confunde-se democracia com falta de respeito, autoridade com autoritarismo, conversa com discussão, posicionamento intelectual com briga de torcida, aí se dão os absurdos que estamos vendo nas salas de aula pelo país afora. 

Isso faz parte do mesmo universo que permite aos estudantes a progressão automática, os governos atendem mal e obrigam com suas ações escolas mal estruturadas e professores desmotivados, a aturarem os jovens até que eles deixem a escola, mesmo que ali não tenham aprendido nada. Um caldo de cultura permissivo e de violência, sobretudo nas periferias das grandes cidades.

Não é o que fazem diretores e professores que transformaram suas escolas em lugares de excelência. Não são poucas e estão espalhadas por todo o país. Diretores e professores com autoridade e motivados são a solução do problema, porque não devemos esperar por nossos governantes, pelo menos, a maioria dos que estão aí, devemos existir apesar deles. 

Um aluno agressor é também vítima de um sistema que não lhe impõe os limites, assim como o professor agredido também é vítima desse mesmo sistema. Só haverá solução quando a escola estiver aberta para receber os alunos com sinceridade, informando seus direitos e cobrando seus deveres, comprometendo os alunos e seus familiares nessas ações. Parece não haver mistério, mas sabemos que não é fácil.

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