Você pode não concordar com as posições políticas do autor
Flávio Gordon, mas seu livro de estreia, “A
Corrupção da Inteligência”, pela Record, é para ser lido e discutido por
todos que preservam sua liberdade intelectual, independente de sua forma de ver
o mundo, independente de sua posição política, partidária. Livro instigante e urgente,
especialmente para este momento onde tudo foi relativizado, dos costumes às
relações de poder, das impressões pessoais às atividades sociais e políticas.
O autor faz uma análise apurada dos embates ideológicos desde
o Século XIX e de como os intelectuais se engajaram nos dois lados dessa
disputa, e o que representou para cada país esse engajamento, sobretudo a
partir da revolução bolchevique de 1917, para no meio desse conjunto, situar o
Brasil, nossos estudantes, artistas e intelectuais (os orgânicos inclusive), as
questões dos modismos, da contracultura (pode haver onde não existia cultura?),
partindo da linguagem coloquial, até as experimentações artísticas e discursos
acadêmicos, onde “toda ação humana foi
politizada, ou seja, vista como disputa por poder, e todo indivíduo agora se vê
como ativista e representante de uma causa”, como explicita no capítulo 2.
Ele reserva a conclusão do livro para uma análise contundente
e sem máscaras de nossas universidades, sobre os doutores que elas estão
produzindo e colocando na rua, num momento em que toda a educação está num dos
patamares mais baixos da história, apesar do grande aumento de matriculas. Análise
necessária, um raio-X do ambiente que forma aqueles que irão no futuro próximo
estar à frente das instituições sociais e de pesquisa. Um alerta previsível e dramático,
se quisermos levar o país a alguma lugar de importância no conjunto das nações.
A obra, fartamente contextualizada, não deixa de apresentar as
fontes para todas as referências e questões que levanta, levando-nos a uma
visão de conjunto que nos enriquece, permitindo que nos aprofundemos nas
questões que levanta sem muito esforço de pesquisa, pois as fontes estão lá, à
mão de todos que se interessam com sinceridade e real compromisso com os
destinos da nação.
Comentários
Postar um comentário