A Lei Rouanet vem sendo destratada não é de hoje, seus
detratores, por causa de alguma corrupção, querem até acabar com ela. Seguindo
esse princípio teríamos que fechar todos os Ministérios, entre os quais o MinC
é o primo pobre. Essa má vontade com a Lei Rouanet é fruto da falta de educação
e do fundamentalismo religioso e político que nos tem acometido nos últimos
tempos.
Enquanto as pessoas não compreenderem e aceitarem que somos
uma sociedade plural, que temos gostos, experiências estéticas e motivos
diferentes para determinar o que podemos ver e usufruir, mais do que isso, que
fazemos com plenos direitos assegurados pela Constituição, vamos continuar assistindo
a situações como essa da exposição Queermuseu
patrocinada pelo Santander, com recursos da Rouanet, no Rio Grande do Sul.
Vamos por parte. A uma exposição vai quem quer e quem está
preparado para ela. Fazer boicote a uma é democrático, passa a ser preocupante quando
o patrocinador acaba com ela ouvindo os gritos da intolerância, como se não
houvesse entre seus clientes os que gostariam de vê-la.
Um representante do Movimento Brasil Livre (livre de que? Da
intolerância que não) disse numa rádio que não gostaria que seu dinheiro
representado na Lei Rouanet produzisse esse tipo de coisa, esquece ele que o
dinheiro também é meu, e dos que gostariam de ver a exposição. Isso quer dizer
que o dinheiro é nosso, mas não é de ninguém, nem de nenhum grupo específico,
por isso cabe ao MinC fazer a mediação.
Para ser justo o MinC agora deveria processar o Santander por
descumprir o contrato de patrocínio que ele fez com a sociedade como um todo e
não com apenas parte dela. O Banco poderia se recusar a fazer a exposição, ou
qualquer outro evento cultural sob a Lei, mas depois de feita não pertence mais
a ele, mas a sociedade como um todo.
A Lei é demais importante para o nosso desenvolvimento
intelectual, muitas das ações de preservação do patrimônio, da arte e da
memória nacional, na quantidade e qualidade do que vem se fazendo hoje no país,
não estaria ocorrendo se não fossem os incentivos da Lei, porque muitas dessas
ações não são rentáveis por sua própria natureza, cabe à sociedade, através das
ações do governo incentivar essas atividades.
Bom, assim fazem os povos que compreendem que sua diversidade
cultural é um bem a ser preservado. Porque o resto é fundamentalismo, a ignorância
que fala em nome de Deus, dos costumes, da família, da pátria, quando está
tratando de seus próprios interesses. Mas os gritos da intolerância quando
confrontados podem recuar para um debate, uma conversa onde todos saem
ganhando, por isso quando uma instituição obedece a um lado somente,
vamos deixando o campo da convivência, para o da subserviência. Não é um bom
caminho.
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