A evolução da humanidade foi
feita de perdas e equívocos, simplesmente porque as gerações embarcam em novas
descobertas, em novos meios de produção como forma de facilitar suas vidas, para
tornar o fardo da existência menos duro, mas os novos tempos nunca trazem as
conquistas da forma que se esperava ao se optar por novo ciclo de vida
econômica e social.
Vimos tomando rumos que pareciam à
salvação da lavoura, mas nos encurralou em maus caminhos. Pensem que antes a
humanidade vivia num paraíso, éramos coletores e caçadores. Imaginem o cenário,
florestas e campos cheios de animais e pássaros em abundância que podíamos
caçar sem muito esforço, frutos silvestres e ervas comestíveis que íamos
colhendo pelos caminhos que abríamos, com dificuldade é verdade, além de peixes
que pescávamos com as mãos tal era a fartura.
Saíamos para buscar o almoço logo
cedo e até o meio dia se não tivéssemos correndo de algum animal feroz, porque
na cadeia alimentar estávamos numa situação intermediária, pegávamos os bichos
menores, mas éramos caçados pelos maiores, se não tivéssemos fugindo de nenhum
deles, até o meio dia assegurávamos a alimentação e tínhamos o resto do dia
para brincar com a mulher e os filhos, tomar banho de rio se o tempo deixasse,
ou ficar em torno da fogueira contando histórias.
Sem propriedade privada, mas
também sem contas pra pagar. Quando a comida acabava partíamos para outro sítio.
Eternos viajantes. Ocorre que num momento qualquer alguém imaginou que se parássemos
num mesmo lugar e plantássemos, que não precisaríamos andar a procura de comida,
poderíamos ter com fartura e sempre.
A teoria era perfeita, mas na
prática. A humanidade assentou-se e deu-se a revolução agrícola, a primeira mudança
radical da humanidade, passamos de meros coletores a agricultores e vieram as
vilas e as cidades, mas não se contou com a explosão demográfica. É verdade que
tínhamos mais comida, mas muito mais bocas para alimentar, porque se antes as
mulheres engravidavam menos, porque era difícil andar com os filhos procurando
comida, amamentavam por quatro ou cinco anos para não engravidar, mas à medida
que se assentaram, passaram a parir todo ano, até porque precisavam de braços
para a lavoura. Aí começamos a trabalhar do alvorecer, ao anoitecer, para poder
alimentar a família, sem contar com os espertos que começaram a nos explorar e
com os ladrões, que nunca gostaram do trabalho e poderiam facilmente assaltar
os nossos celeiros. Não fomos nada espertos em trocar de vida.
Assim vem a humanidade aos
trancos e barrancos. Bem mais recente tivemos as revoluções comunistas que eram
para libertar os povos, mas onde aconteceram se transformaram nas maiores
tiranias que a humanidade já viveu, e não nos libertamos de todo, ainda estamos
diante da Coreia do Norte e seu louco ditador.
Mas essa é uma situação extrema,
porque nesse momento mesmo, sem imposição de nenhum ditador, tomamos muitas
decisões que fica difícil perceber onde está o ganho para nós. Jovens entram em
grandes Universidades, estudam muito para entrar em grandes empresas, para
ganhar bom dinheiro e assim poderem se aposentar bem e curtir a vida, alguns
nem veem o tempo passar. E chegam os filhos, as obrigações sociais, novos
padrões de consumo, e aí para mantê-los tem que se trabalhar bastante tirando
mais uma vez da família àquelas horas de lazer tão sonhadas, quando damos conta
já estamos à beira de um infarto, ou de alguma doença, que esta sim, vai nos
colocar em descanso, mas de forma que ninguém deseja.
Nessa questão tem o rumo das
tecnologias da informação que desde o início nos foi vendida como a libertação
do mundo do trabalho estafante, que nos roubava as mais preciosas horas do dia,
que agora sim, com a informática, poderíamos trabalhar até em casa, nas horas
que quiséssemos e voltaríamos ao paraíso inicial com muitas horas para dedicar
a família.
Mas o que vem ocorrendo? Veja o
cenário, antes trabalhávamos de 8 a 9 horas, batíamos o ponto, quando não
emendávamos em hora extra e íamos para casa, tínhamos as noites e os finais de
semana para nós e nossa família. Mas o que as novas tecnologias estão fazendo?
Há gente que está trabalhando dezesseis horas por dia, emendando com os fins de
semana, mesmo que não vá à empresa, porque o celular, e o computador, nos deixam
plugados resolvendo coisas do trabalho, da venda, do contato que vai gerar novos
contatos, e assim sucessivamente, além das redes sociais, tirando o tempo livre
tão sonhado.
Então, ligue o desconfiômetro e veja onde você está
ocupando seu tempo e sua vida, coloque tudo na balança e veja se está indo pelo
melhor caminho, não siga sempre com a manada. Aproveite esse tempo e leia Sapiens, o livro de Yuval Noah Harari,
que pode te assustar, mas certamente te deixará mais relaxado depois.
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