O Rio de Janeiro por origem e condição é uma cidade cosmopolita, multifacetada, de muitos rostos, gostos, religiões, ideologias e capilaridade que representa o melhor e o pior do país. Estamos neste momento na fase pior, nem preciso detalhar porque sabem todos do que estou falando.
Esta semana o prefeito Crivella
ajudou a cidade a descer mais um pouco em direção ao cadafalso, na maior crise
de sua história o prefeito acha pouco e proíbe a exposição Queermuseu a ocupar o MAR – Museu de Arte do Rio, que é do
município, seguindo o mote da intolerância que vem acompanhando essa exposição
há algum tempo, fruto da ignorância, do populismo e do fundamentalismo que tem
acometido seguimentos radicais no país.
Confesso que ainda não vi a
exposição, mas mesmo sem ter visto posso garantir levando em consideração a
importância dos artistas, sua representatividade e diversidade que mostra o país
de tantos rostos que somos, que nessa exposição não há incentivo à pedofilia,
ou a zoofilia, como acusam seus detratores.
A verdade é que há pessoas para
quem um corpo nu é pornografia, pecado, para quem a visão do outro sobre
sexualidade também é crime. Gente que não consegue alcançar a compreensão de
quem pensa diferente, se vê no direito de impor sua visão de mundo para todos.
Renega o que não conhece polo simples fato de não conhecer e não faz o menor
esforço para saber do que está falando. O que sei dessa exposição é que trata
da diversidade, e isso já é blasfêmia para quem acha feio tudo que não é
espelho.
Existem grupos conservadores neste
momento que não estão verdadeiramente preocupados em defender a infância dos
maus exemplos, nem o povo das coisas deletérias, eles só estão pensando no
poder e nas próximas eleições, escolhem bodes expiatórios e apontam para eles
porque sabem que atrás vêm os desinformados, os mal amados, os desorientados,
fáceis de ser manipulados nesse momento confuso em que vivemos. Eles atacam a
cultura, a arte, os museus, a Lei Rouanet, porque sabem que terão mídia fácil,
e seguem como paladinos da nação, santos do pau oco, a reverberar o nome de
Deus, da família e dos bons costumes, em vão. Falsos profetas de tempos
sombrios que me fazem lembrar Goebbels, ministro de Adolfo Hitler, que ao ouvir
falar de cultura dizia que tinha vontade de pegar no revólver. Uma nação que
proíbe exposições pode terminar queimando livros como os nazifascistas.
A Caixa de Pandora foi aberta...
ResponderExcluir