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SE A GENTE LEMBRA SÓ POR LEMBRAR



A Cachoeira dos Avelinos, o rio onde havia a cachoeira..., lembro-me das muitas águas onde tomávamos banho, hoje tão seco que nos permite andar em seu leito por todo o tempo. Tudo era grande e mágico, longas eram as distâncias, a conversa dos adultos. As histórias que nos contavam antes de dormir nos falavam de outros tempos ainda mais remotos, de bois brabos, vaqueiros valentes, donzelas roubadas, pais déspotas, jovens aventureiros. A Comadre Fulozinha que perseguia o caçador que não deixava fumo para ela e afastava a caça, desnorteava o caçador ingrato e deixava-o perdido na mata.

A passagem foi rápida, mas suficiente para me encher de alegria e saudade.

“Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer
Que é feliz sem saber
Pois não sofreu...”

Meu avô, Pitanga da Estrada, Pitanguinha.
Minha avó, Nova Cruz, Pedro Velho.
José Avelino, Esclaravado.
Boágua, Jacaraú, Caiçara, Lagoa de Dentro, Logradouro, Duas Estradas, Nova Cruz, Montanhas, Bola, Trigueiro, Jerimum... Paraíba e Rio Grande do Norte se misturam. O Rio Pirari corta a região e desemboca no Camaratuba.

“Juazeiro, Juazeiro
Me arresponda, por favor
Juazeiro, velho amigo
Onde anda o meu amor
Ai, Juazeiro
Ela nunca mais voltou
Diz, Juazeiro
Onde anda meu amor...”
 
O juazeiro é única árvore que não seca, quando tudo já morreu ela é o que mata a sede do gado. Além de oferecer uma sombra extraordinária para proteger o lavrador do sol inclemente, muito boa também para embaixo se namorar, a música do Gonzagão lembra isso.





Vou indo pela estrada ao lado de uma cerca de aveloz, planta muita usada como cerca viva, ao ser cortada vê-se o látex, leitoso, não se pode deixar cair nos olhos que cega. Também conhecida como dedo do cão, árvore de São Sebastião, canela de frade, cega-olho, entre outros apelidos, hoje é a esperança para a cura do câncer e do HIV. 


No torvelinho do tempo vejo o caminhão vencendo a estrada, nós na carroceria, crianças e adultos, o vento batendo no rosto, nos levando não só para a festa de passagem de ano em Nova Cruz, nos levando para o mundo.

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