Ninguém de bom senso é a favor do estupro, do assédio sexual, da
piada machista, ou grosseira, venha de onde vier. É um horror vê os caras
trabalhados na academia puxando as garotas nos blocos de carnaval, porque é
falta de educação e de muito mau gosto. Mas do jeito que a coisa anda logo
chegará o dia em que um homem não vai poder olhar para uma mulher que logo será
censurado. É assim em alguns países árabes.
Houve um tempo, e não faz muito, em que rapazes e moças sentavam
separados, em lados opostos, nos auditórios, salas de aula, nas igrejas. Com
colégios somente para homens, ou só para mulheres. Era comum na primeira metade
do século XX. Na década de 30, em João Pessoa, um padre assassinou um rapaz
porque ele ultrapassou a linha imaginária criada por aquele que dividia a rua em
espaços para homens e para mulheres. Sei que ninguém quer isso, mas essa onda vitoriana
de criminalização da paquera é no que vai dar.
Tempo desses no Facebook uma ativista afirmou que “qualquer
penetração é um estupro”, na China tem cara casando com boneca inflável... para onde caminha a humanidade? Se não conseguirmos para essa onda, logo chegará o tempo em que a atividade sexual vai ser virtual, ou com pessoas do mesmo sexo.
Estou de acordo com a Belle de Jour, Catherine Deneuve, e suas
companheiras francesas que apontam a atitude radical das americanas como um
equívoco, não é que elas não tenham razão, mas a cruzada moralista que encampam
dar margem a outros significados. Os americanos luteranos, calvinistas, sempre
tiveram dificuldade em aceitar o sexo de forma natural, só poderia vir de lá
essa onda.
Para Catherine e suas companheiras de manifesto “o estupro é um
crime, mas a paquera insistente ou sem sutileza não é um crime, nem o galanteio
é uma agressão machista”, que devem “lutar
pela igualdade salarial, mas não devem traumatizar-se por causa de importunadores
no metrô, mesmo se é considerado delito. As mulheres deveriam ver isso como a expressão
de uma grande miséria sexual”.
O exagero do movimento das americanas revela muito mais que o
crime de assédio, parece embutir uma aversão não só aos machistas, mas ao sexo.
Às francesas podem estar exagerando, mas equilibram o puritanismo
embutido na proposta politicamente correta das americanas.
Soa estranho ouvir uma atriz, depois de fazer quatro ou cinco filmes
com um produtor, afirmar que foi assediada por ele desde o primeiro. Assemelha-se
a lógica da mãe que leva a filha ao médico:
- Doutor, minha menina está botando ovo.
- E quanto tempo faz isso?
- Desde que ela tinha quatro anos.
- Mas, minha senhora, só agora, aos doze, é que a senhora a traz ao
médico?
- É que o custo de vida anda alto, doutor, e um ovo todo dia ajuda
muito.
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