O que mais nos espanta nessa
questão da segurança no Rio de Janeiro é a surpresa das autoridades diante da
crise de segurança, como se ela tivesse sido deflagrada ontem, há poucos dias,
ano passado. Hoje um representante da polícia respondendo a um reporte afirmou que
a polícia havia sido pega de surpresa na guerra de facções que está ocorrendo
há treze dias na cidade de Angra dos Reis, prendendo as pessoas em casa, e
ainda assim com gente sendo baleada dentro de casa sem poder sair para o
hospital com medo de morrer no meio do tiroteio. A autoridade pôs a culpa nos
bandidos que estão fugindo da cidade do Rio para ocupar os espaços de outras
facções em outras cidades, como se isso fosse novidade.
O Secretário de Segurança
respondendo a um reporte afirmou que estava sendo implantado um plano de
segurança para fazer frente à guerra no estado, no mesmo momento o governador
Pezão respondendo a outro repórter falou que não havia lido o plano ainda, isto
é, o Secretário diz que está em fase de implantação de um plano que o
governador não sabe do que se trata.
Esse é o retrato da falta de
planejamento, da improvisação, da irresponsabilidade política com a vida das
pessoas, especialmente os mais necessitados, que vivem em comunidades sem
nenhum serviço de qualidade, onde a polícia entra atirando e onde morre a
maioria das pessoas atingidas por balas perdidas. Trabalhadores que por medo de
morrer faltam ao trabalho, estudantes que deixam de ir à escola, igrejas que
não abrem porque ninguém vai rezar atravessando tiroteio, encomendas que não
chegam porque os correios não entregam para não colocar seus empregados em
risco, quando a carga inteira não é saqueada, mazelas que existem há décadas e
as autoridades ainda se sentem surpreendidas com a violência.
“A polícia foi pega de surpresa”,
foi a frase do representante da corporação, frase que mais parece um insulto
diante do que a cidade e o estado vivem.
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