O populismo e a falta de
diretrizes claras fazem nossas cidades reféns do improviso e da incompetência
de nossos gestores públicos. O Rio de Janeiro, cidade que a natureza fez bela,
mas que os homens teimam em enfear, passa no momento por uma administração
desastrada, cujo prefeito sempre tem alguma solução para os problemas, mesmo
que as soluções que propõe nem sempre sirvam ao propósito, ou vêm contra o consumidor.
A Câmara de Deputados aprovou
o projeto de lei que autoriza o funcionamento dos aplicativos de transporte,
como Uber, Cabify e 99, dando aos municípios a responsabilidade pela regulamentação
da atividade, no dia seguinte o prefeito Crivella defendeu que os motoristas dos
serviços paguem um imposto que pode ir a 5% do valor de cada corrida, com a
ideia de investir parte desse valor na melhoria do sistema de táxis, isto é, na
atividade dos concorrentes. Em vez de o prefeito estimular à boa e velha
concorrência para baratear e melhorar os serviços vai encarecer as corridas
para ajudar aos profissionais que o público identifica como aqueles que fazem o
pior atendimento.
Outra solução do prefeito,
para os problemas das enchentes, foi informar que iria gastar 12 milhões de
reais colocando sensor nos bueiros, como se isso fosse impedir a quantidade de
lixo que entulha as ruas e os bueiros, impedindo assim as enchentes. Como se
fosse preciso um sensor informar sobre o que os olhos veem a cada chuva.
Vocês lembram-se dos vídeos
que ele mandou da Europa durante o carnaval informando que fora buscar
tecnologia para a segurança do Rio, enquanto a cidade se viu sufocada pelos
arrastões e crimes de toda ordem. Pois bem, ele fugiu do carnaval porque a
religião dele não permite participar, mas apoiou a mutreta da LIESA (Liga
Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) contra a organização da
festa. Os responsáveis pelo bom andamento dos festejos que só este ano, com
toda a violência e desordem que se viu, inseriu na economia mais de três
bilhões de reais, estão querendo melar a lisura do desfile não rebaixando as
duas escolas perdedoras como manda o regulamento.
Agora com a intervenção
federal no estado e especialmente na Vila Kennedy, os agentes municipais
destruíram sem nenhuma intimação, ou aviso, 30 quiosques na Praça Miami. Alguns
dos comerciantes estavam ali há mais de uma década solicitando da prefeitura
uma solução para eles. O poder público que nunca se faz presente nessas
comunidades, quando aparece é assim. Diante da repercussão negativa o prefeito
se prontificou a liberar uma linha de crédito para que as pessoas retomem os
trabalhos, mas nada falou sobre alguma indenização.
No conjunto dos nossos problemas
isso não é nada, mas mostra como nossos homens públicos agem e como as coisas
vão se arrumando por aqui, ao bel-prazer dos poderosos do momento, mostrando
que realmente vivemos numa terra sem lei, onde se desrespeita a constituição,
as leis e as normas, porque a lei só é aplicada com rigor contra os mais fracos.
Assim refazemos a pergunta do título: isso é porque votamos mal, ou o sistema
está montado para isso mesmo?
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