O assassinato da vereadora e
ativista política Marielle Franco, que a partir de agora deixa de ser apenas do
Rio de Janeiro e do PSOL, e passa a ser de todos nós brasileiros, já fartos com
a impunidade e os crimes que vitimam ativistas políticos, sociais, líderes
rurais e jornalistas. Esses crimes estão em todas as regiões do país onde os
que se consideram donos das coisas e das pessoas, se arvoram em donos da razão.
Marielle morreu porque estava do lado da razão.
Quando Chico Mendes foi
assassinado a maioria dos brasileiros não sabia de sua existência, e de sua
militância política e social, os que quiseram calá-lo o transformaram em
símbolo da luta pela ecologia e pela vida. Os assassinatos de Marielle e
Anderson, seu motorista, serão a mesma coisa. Transformará a vereadora em
símbolo da luta dos negros, dos pobres das periferias e das mulheres vítimas da
violência em todo o país, por melhores dias, e não deve ser menos.
Nossa indignação, nosso
sentimento de desamparo e abandono neste momento, deve se transformar no motor
que nos levará as ruas, não só para pedir o esclarecimento e punir os autores e
mandantes desse crime hediondo, mas potencializar a luta pelas questões sobre
as quais ela se batia. Sua imagem e voz deverão ecoar, reverberar, pelo país
afora na defesa da cidadania, da liberdade de expressão e do pensamento.
Pode-se discordar do
pensamento de uma pessoa, ou de um líder político, mas por mais diferente que
seja esse pensamento dos nossos, mais razão deveremos ter para defender sua
existência, assegurar sua voz, porque está na diferença, no contraditório das
opiniões, o sentido mesmo da questão civilizatória. Num mundo de diferentes,
precisamos assegurar a existência de todas as diferenças. Especialmente porque a luta da Marielle era pela
vida, contra a discriminação e as injustiças, que em nosso país transbordam em
todas as latitudes.
É urgente, portanto, que o
governo federal, protagonista da intervenção de segurança no estado, se empenhe
além de suas forças para apurar e punir os autores desses crimes que fazem
vítimas todos nós. Todos nós clamamos por justiça, mas mais de que isso, que
ela seja exemplar, que mostre que a nação ainda tem forças para combater o
crime organizado e os criminosos oficiais, porque sem isso, será a barbárie que
já chegou a nossa porta.
Gostei de sua opinião. Diante de tantas opiniões que a divinizam ou a demonizam é bom uma opinião que a humaniza.
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