Uma pergunta: por que Estados Unidos,
Inglaterra, França, Japão, são países do primeiro
mundo, e Rússia, que tem arsenal atômico capaz de destruir a terra dezenas
de vezes, que dominou metade do planeta, mandou homens pra lua, é um país
emergente, está ombreado com Brasil, China e Índia nesse atraso? Porque a
cultura nos países desenvolvidos determina a economia e a vida social.
Os governos autoritários põem a cultura em segundo
lugar, quando não a proíbem de vez. Os governos que não se importam
verdadeiramente com o povo também fazem o mesmo. Os países onde o povo depende
e espera tudo dos governos são iguais. Não que não tenham cultura, mas elas
não influenciam as outras. Nos países do primeiro mundo, ao contrário, a
cultura não é um apêndice. Ela determina a educação.
A China hoje rivaliza com os Estados Unidos no
domínio do comércio global, mas por mais que se esforce ainda não chegou ao
primeiro mundo, porque não permite a liberdade de expressão que é a condição
para a cultura e a arte. A China se impõe comercialmente, mas não tem uma
cultura que possa influenciar as outras nações.
Todos os países que colocam a cultura em segundo
plano não conseguem se livrar do atraso. Ainda que se esforcem bastante para
isso, como são os casos de Rússia e China.
Os países que chegaram ao socialismo, eliminaram,
calaram, ou cooptaram seus artistas, seus pensadores, emudecendo-os, e
ficaram fadados ao atraso.
Nós continuamos bastante feios na fita. Para dar um
exemplo das nossas anomalias, nós perdemos em educação para a maioria dos
países e para todos os países da América do Sul.
Não levanto essas questões para nos constranger,
nos apequenar, porque temos grandes valores, fizemos importantes conquistas nas
áreas artísticas e científicas, mas são exceções que confirmam a regra. Essas
conquistas foram resultados de esforços individuais, ou de alguns setores, não
resultaram de uma política estratégica feita por qualquer governo. Podemos apontar
como período importante o de Juscelino Kubitschek que
resultou na Bossa Nova, no Cinema Novo e na arquitetura de Oscar Niemeyer,
momento emblemático de nossa cultura que influenciou outras culturas.
Nossas leis de incentivo a cultura vêm desde o
governo Sarney, com a criação do Ministério da Cultura e da Lei Sarney, que
Fernando Collor extinguiu e depois se viu obrigado a restaurar, com novo nome,
do secretário Sergio Paulo Rouanet, conhecida como Lei Rouanet. Ela pode ter
imperfeições, mas é responsável pelo desenvolvimento e disseminação de
atividades artísticas e culturais em todo o país, mas não compreende uma
política de Estado que integre a educação e todos os segmentos sociais visando
tirar o país do atraso científico e social, mesmo assim vem sofrendo os maiores
ataques, por questões ideológicas ou obscurantistas.
Não devemos deixar sob a responsabilidade apenas dos
próximos governantes nos safarmos das utopias, da incompetência, da corrupção e
criar as condições para que o futuro seja menos árido para todos nós. Caberá também
aos movimentos civis, aos empresários, pensadores, professores, estudantes,
criarem o ambiente onde a arte e a cultura possam ser exercidas sem restrições
de liberdade e criatividade. É nisso em que acredito. Educação e cultura juntas
e misturadas para um novo tempo, um novo país.
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