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QUEM É QUE VAI PAGAR?

Temos muitas coisas com que nos preocupar neste país esgarçado, mas a que mais nos entristece é ver a dicotomia que existe entre os poderes da nossa República e o povo, como se fossem de países diferentes, melhor, continentes diversos. Exemplo recente está na proposta de aumento dos vencimentos de suas excelências estabelecida pelo STF.

Num momento atribulado, dilacerado, como vivemos, assolado pela falta de recursos para saúde, para segurança, para educação, com as contas impagáveis, suas excelências acham que vivem num país de fartura e nos dão esse presente, mesmo sabendo que a partir do aumento de seus vencimentos outros virão atrás.

Em nenhum momento pensaram naqueles, a maioria de nós, que não temos oportunidade de aumentar nossos próprios salários, e muitas vezes sequer encontramos quem pague por eles. Mas nós que pagamos os vencimentos de todos que dependem do dinheiro dos impostos, podemos perguntar: quem vai pagar por isso?

Por uma justiça cara e falha? Que por diversas vezes demonstra estar ao lado do bandido. Pela falta de austeridade com o dinheiro público? No momento em que os gastos extrapolam o bom senso. Pelas contas públicas que estão a ponto de explodir? Pela maior crises de desemprego? Pelas crises econômica, moral e de violência que atravessa o país?

Como se vivessem em outro país suas excelências propuseram um aumento de mais de 16% em seus vencimentos, isso sem contar com os vários benefícios legais que criaram para si, mas diante dos que nada têm, imorais.

Como os vencimentos dos outros seguimentos da magistratura seguem os do Supremo, assim como as outras carreiras de Estado, vem aí uma sequência de aumentos de salários no judiciário, no executivo e no legislativo, inchando ainda mais a obesa folha salarial dos servidores do Estado, num momento de crise sem precedente em nossa história.

Esse exemplo demonstra como a nação é refém do Estado, como somos mal tutelados e levados a reboque por uma classe dominante que não guarda a menor empatia com o resto da nação. Somos tratados como uma classe de servos com poucos direitos e muitos deveres, principalmente o de pagar as contas de suas excelências.

E continuaremos assim ad aeternum, para usar um termo a altura de suas excelências, se continuarmos aceitando os disparates dos que estão em cima. Que venha 2013 e suas salutares manifestações. Os poderosos só ouvem quando as ruas rugem. Que assim seja! 

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