(Revivendo 2014)
O alpendre da casa de minha mãe, casa onde nasci. Atrás o quintal
onde cresci. Onde fui senhor de um reino de cajueiros, mangueiras, laranjeiras,
jaqueiras, bananeiras, pitombeiras e de um pé de jamelão que a gente denominava
oliveira.
Onde fui mocinho e bandido. Zorro, Tarzan, Rock Lane, Durango
Kid... Espadachim em luta contra o "pirata da perna de pau, do olho de
vidro, da cara de mau...", como dizia a marchinha de carnaval que tanto
gostava. Onde fui Beline da Seleção e Ribeiro, do Tabajara Esporte Clube, time
local que há muito acabou, em cuja sede brinquei nas matinês de meus primeiros
carnavais.
Quintal onde tentei andar no arame como faziam os equilibristas
dos circos que passavam pela cidade e me encantavam. Dos circos eu gostava mais
da segunda parte, que apresentavam um drama, era a programação dos circos
pavilhões. Eu gostava mesmo de ver os palhaços e na segunda parte "A louca
do jardim", "A Canção de Bernadete", "Escrava Isaura",
"O mártir do calvário”... Muitas vezes, quando os circos eram armados
próximos de nossa casa, os circenses apareciam para pegar emprestados jarros de
plantas e outros objetos para colocar nos cenários das peças.
Se eu machucava a mão, feria as costas ou batia a cabeça,
procurava esconder para que minha mãe não me proibisse de brincar no dia
seguinte. Às vezes não dava para esconder, como quando resolvi, aos onze ou
doze anos, pular da mesa para dentro da rede e fui direto ao chão ficando
desacordado por bom tempo, e, pelo menos, uns vinte dias com o rosto inchado. A
sorte (ou azar) é que foi no período de férias, foram dias privados das
brincadeiras.
Quintal onde, sem saber que fazia, criei meus primeiros
personagens. Sempre que volto a ele recupero o tempo em que tinha meus avós, e
a alegria de me encontrar com eles entre essas árvores. Hoje é quase metade do
que foi, mas ainda é grande em meu coração. Hoje mais do que antes.
Um Feliz Natal para todos!
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