Das
coisas que li ultimamente, a mais sintética sobre o país foi o texto de Joaquim
Ferreira dos Santos, em O Globo: “O país sem alvará para funcionar.” Vimos de
tragédia em tragédia, esquecendo uma na dor da outra, sem que se punam os
culpados, quer sejam naquelas provocadas pela irresponsabilidade dos gestores,
no caso de empresas e instituições, ou mesmo naquelas naturais, quando a
inercia dos gestores públicos deixam as comunidades a sua sorte.
De
paliativo em paliativo vamos empurrando os problemas com a barriga, mesmo que
cause a dor e o desespero de tantos, de modo geral sobre os mais fracos, os
mais necessitados, que não sabem para onde correr. Tragédias anunciadas em
muitos casos, com culpados apontados, mas quantos punidos?
Aqui
vai uma lista das mais recentes para que não esqueçamos: Boate Kiss, Ciclovia Tim
Maia, Museu Nacional, Mariana, Brumadinho, Ninho do Urubu.
Nunca se aponta os culpados por essas tragédias, e
quando se aponta eles não sofrem nenhuma punição, isso acontece quando ocorre com
o patrimônio histórico, com as riquezas naturais, assim como com a vida das
pessoas, vide os crimes praticados no incêndio da Boate Kiss que permanecem impunes.
Os
poderosos não cumprem as leis, os políticos fazem as leis sabendo que não é
para eles. Bandidos que se prezam também não as cumprem, sobra para os homens
de bem, os honestos, mas mesmo aí, por exaustão, há certa resistência. Um povo
que não cumpre suas leis caminha para que lugar?
Exemplos
do desacerto entre nossos representantes e a nação, vemos na composição das
Assembleias Legislativas, nas Câmeras de Vereadores e no Judiciário. Mordomias
descabidas e imorais, burocracia, aparelhamento nos serviços públicos,
territórios de partidos e grupos políticos, seitas e segmentos ideológicos, são
a cultura da ineficiência, do descaso e da irresponsabilidade, responsáveis por
essas tragédias. Porque mesmo quando acontecem em espaços privados têm as
digitais dos governantes, dos servidores públicos, como aconteceu agora no
Ninho do Urubu do Flamengo. Senão, como é que um local multado 31 vezes e
interditado pela prefeitura permanece aberto e funcionando?
Por
isso lamentamos tanto a morte do Ricardo Boechat, uma das poucas vozes clara,
límpida, veemente, contra esse estado de coisas. Ele não tinha partido, batia à
esquerda e à direita. Fará muita falta neste momento dramático de nossa
história.
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