A
locomotiva nacional corre no desfiladeiro para destino incerto, leva homens bons,
maus, santos e demônios, e a esperança para o purgatório das almas. Tudo é
dantesco, mas é o que temos para hoje. A imagem me vem à cabeça quando penso em
nossa situação econômica, e recordo uma passagem que bem representa o conhecimento
das pessoas sobre a economia do país.
Faz
algum tempo, nem lembro se dentro da considerada década perdida dos anos 80, a
lembrança é de uma mulher chorando diante dos muros de uma grande empresa que
havia fechado as portas. Na frente estavam os empregados protestando pela perda
do trabalho, e a mulher, cujo esposo estava entre eles, apontava chorando para
o enorme prédio e dizia:
- É
mentira, como é que uma empresa desse tamanho não tem dinheiro?
Acusava
os empresários de maldade por terem fechado a fábrica. Ela confundia a grandiosidade
do prédio com a saúde financeira e econômica da empresa, para ela uma coisa
representava a outra. Esse é o pensamento comum. De modo geral as pessoas têm
dificuldade de entender que uma coisa nada tem a ver com a outra. O que mantém
uma empresa em pé não é seu tamanho, nem a espessura de suas paredes, mas sua
saúde financeira e a capacidade de gerar riqueza.
Penso
naquela mulher e percebo que essa é a incapacidade das pessoas em compreender o
momento que estamos vivendo. Porque um país é como uma empresa, quebra, não importa
seu tamanho. A diferença é que um país, mesmo quebrado, não pode fechar as
portas porque as pessoas continuam morando nele. Nem todos, porque alguns que
têm dinheiro se mudam, e outros que não tem se tornam refugiados, é o que
ocorre com os venezuelanos no momento, não podemos fugir da comparação.
Os
sinais da desordem em nossa economia vem há tempos, os contingenciamentos
recentes não são frutos da maldade do governo atual, por isso a importância das
reformas, independente de quem esteja no governo.
- A
grana acabou! Grita o governo, e as pessoas não escutam por falta de
compreensão sobre o que compõem a economia do país, ou por oportunismo
político.
Todo
mundo tem direito de gritar, de protestar, mas o que salva um país não são os
gritos de seu povo, fosse assim não haveria pais em desordem, mas a sinceridade
e competência de seus gestores.
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