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A BOLSA DE VALORES E A NOSSA POBREZA


Vi nas redes sociais pessoas falando com ironia dos que começam a se interessar pela Bolsa de Valores, como se isso fosse uma aberração por não serem ricos. Demonstram essas pessoas que não sabem como as Bolsas funcionam, nem porque elas existem. Quando alguém de classe média aplica na Bolsa, além de estar projetando uma aposentadoria mais confortável, está injetando seu dinheiro numa empresa que irá com seu crescimento dar mais emprego, gerir mais recursos na economia real, pagando mais impostos.

Na verdade a economia real e a Bolsa de Valores são coisas distintas, mas uma reflete a outra. Vejam então. Nos Estados Unidos, meca do capitalismo, cerca de 65%* da população aplica nas Bolsas direta, ou indiretamente através dos fundos de investimento. Numa população em torno de 320 milhões de pessoas quer dizer que mais de 160* milhões aplicam suas economias nas Bolsas. São 160 milhões de pessoas colocando suas economias em empresas que dão trabalho para quem precisa. Mesmo nos Estados Unidos não existem tantos milionários, isso quer dizer que a maioria dos que aplicam suas economias na Bolsa é de classe média.

No Brasil, em vez disso, temos mais gente na cadeia do que aplicando na Bolsa. São aproximadamente 650 mil presos, para menos de 600* mil pessoas que aplicam na Bolsa. Acho que esses números já dizem um bocado, não é? Por aqui uma questão que sempre afastou as pessoas da Bolsa é que convivemos muito tempo com juros altos, ainda sofremos com isso. Então, as aplicações em renda fixa parecem mais rentáveis, pelo menos, mais seguras, juros que o governo paga retirando dinheiro da economia real, dos mais pobres, para rolar a dívida pública.

Mas ainda existem outras questões. Aqui o sonho das pessoas é entrar para o serviço público, mesmo aqueles que têm talento para empreender, o sonho é o emprego garantido e a aposentadoria integral que o governo agora vai tirar com a nova previdência. Se bem que com as crises dos estados, já era possível perceber que a aposentadoria integral poderia ser um sonho amargo, vide o desespero recente dos funcionários do Estado do Rio de Janeiro, para não falar de outros. Alguns empresários sonham em se amoitar nos sovacos dos governos (federal, estadual e municipal),  para mamarem em suas tetas, desde que o lucro compense as propinas. Apadrinhamento e corrupção são nossas misérias.

Se no momento as pessoas estão eufóricas, confiantes, querendo entender e aplicar na Bolsa, em vez de desencorajá-las com ignorância, preconceito e ironias, melhor seria aconselhá-las a estudar o mercado, a pesquisar, para que possam fazer as aplicações de suas economias de forma consciente, ajudando a economia, fazendo as empresas crescerem para gerar mais empregos. Precisamos de um ambiente onde as pessoas possam empreender com mais segurança e dependerem menos dos governos.

Mesmo que haja ajuda dos governos, os empreendedores é que criam as condições para o crescimento da economia, que geram as oportunidades de trabalho e fomentam uma Bolsa pujante. 
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*Os números apresentados aqui estão disponíveis na internet em sites de análise econômica e financeira.

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