Nenhuma nação vive a tragédia
dessa pandemia como a nossa. Como se não bastassem as mais de 20 mil mortes já
computadas, e um prognóstico de ultrapassarmos esse número duas, três, quatro
vezes, muitas delas poderiam ser evitadas se nossos representantes não tivessem
preocupados apenas com seus desmandos. Não usassem a pandemia para continuar
roubando o povo com hospitais de campanha superfaturados, equipamentos
comprados e não entregues, apesar do absurdo dos preços contratados, ou, quando
não, inadequados para o combate ao vírus, que nem salvam vidas e expõem o
pessoal da saúde ao contágio.
O governador do Rio de Janeiro não
entregou os hospitais que prometeu, nem na quantidade, nem com os equipamentos
e pessoal que deveria, mas tem autorizado sua polícia a entrar nos bairros
populares atirando e ceifando a vida de inocentes. Ao mesmo tempo a justiça
libera bandidos perigosos da cadeia com a desculpa do contágio. Tudo isso
enquanto vemos carreatas de tresloucados pedindo a abertura da economia
indiscriminadamente, porque a doença não pode atrapalhar a economia, sem a
menor empatia com os mortos e seus familiares.
Como se nada disso bastasse, vemos
uma reunião ministerial que mais parece uma discussão de ponta de rua, com o
presidente acusando os outros daquilo que ele próprio demonstra querer, a
ditadura. O ministro do meio ambiente pede para aproveitarem a atenção de todos
com a pandemia para passar a boiada, quer dizer, desregular e permitir a
invasão e desmatamento de terras públicas, e em território indígena.
Mas o maior absurdo ouvimos do
ministro da educação, quando disse que não suporta ouvir os termos: povo
indígena, povo cigano, que só há um povo, o brasileiro. Como se fossemos uma
sociedade homogenia, da mesma cor e igualitária. Enquanto isso, vemos na
oposição um ex-presidente jactar-se da tragédia por ela mostrar sua visão de
mundo, que só o Estado será capaz de resolver situações como esta, quando
vivemos no Rio de janeiro, pelo menos, exatamente o contrário. Onde diante da
inércia do governador (e do prefeito), coube à iniciativa privava inaugurar e entregar
para a população, os hospitais que na administração pública ficaram na promessa
e nos descaminhos da corrupção. Revelando que o problema com nossos governantes
foi e é de incompetência e compostura, diante da tragédia.
Mas, pelo que parece, pelo menos,
nas redes sociais, a reunião ministerial agradou. A plateia está tão cansada de
desmandos, de corruptos, que consegue enxergar nas falas do presidente e dos
ministros, não o que elas realmente representam, mas seu efeito pirotécnico,
quando expõem as mazelas dos outros poderes.
Onde estão os homens públicos capazes
de pensar na saúde e no bem estar da população, independente do que possam
ganhar com isso? Existem? Ou será que somos um país feito para não dar certo mesmo?
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