As
manifestações do domingo passado pela democracia são o prenúncio de uma reviravolta
concreta contra os arroubos autoritários do presidente. Mesmo para a população
que vê em membros do STF o que deve ser mudado no país, por ações inexplicáveis
diante da corrupção e desmandos no andar de cima, mesmo aí, vê-se que os
ataques apoiados pelo presidente contra o Supremo são ensaios de um populista
que visa subverter nossa democracia numa aventura a lá Hugo Chaves, na
Venezuela, Viktor Orbán, na Hungria, ou Vladimir Putin, na Rússia, mesmo que
seu espelho seja Donald Trump, outro candidato a ditador.
As
democracias, no Brasil e nos Estados Unidos, estão ameaçadas caso esses presidentes
sejam reeleitos. Aí sim, correremos sérios riscos de ver suprimida a democracia
liberal em nossos países. Mais fácil de acabar aqui do que lá, onde há a crença
arraigada na independência dos poderes e das instituições. Nossa jovem
democracia vive combalida diante dos escândalos de corrupção e desmandos que a
minam por dentro, e deixa grande parte da população contra ela.
É
disso que o presidente se vale para se colocar como defensor da sociedade
contra os corruptos e os maus políticos, mas basta olharmos para suas atitudes
desde que assumiu para ver que seus movimentos foram para proteger corruptos,
quando tira o COAF das mãos de Sérgio Moro, e agora a aproximação dele com os
corruptos do centrão revelam que suas intenções sempre foram o contrário do que
apregoa: a luta contra a corrupção e a velha política. O que demonstra que de
'novo' mesmo nada há em seu governo, a não ser a disposição para subverter
nossa democracia.
Daí a
importância de manifestos como o Estamos
Juntos, que Lula denuncia e diz que não assina, "porque não é maria-vai-com-as-outras".
Naturalmente faz isso porque não é ele que lidera, que as coisas só têm
legitimidade quando ele está à frente. O povo também já está cansado dele.
O
manifesto é necessário porque aglutina forças legítimas da sociedade num leque
político que vai da esquerda a direita democrática, mas não é ele que vai nos
livrar do perigo autoritário, o que vai nos livrar mesmo do autoritarismo é o
povo na rua.
Os populistas
ensaiam seus projetos de dominação pelo voto no primeiro mandato, mas só
conseguem consolida-los com a reeleição. Valem-se da divisão política da
sociedade para conseguir. Foi assim na Venezuela, na Hungria e na Rússia, as
oposições se recusaram a se juntar, e com suas divisões entregaram o domínio
aos populistas que aproveitaram para consolidar o poder.
Nem a
morte sensibiliza o presidente, ele mantém o mesmo semblante e desinteresse
diante de três mil mortos do Covid-19, como há um mês, e o mesmo agora quando passamos
das 30 mil vítimas, e fará igual se ultrapassarmos as 300 mil. A coisa é como
se não fosse com ele, que aumenta o risco com seus movimentos, e atrapalha o
combate a pandemia quando vai contra os governadores.
Mas é
sabido que a única coisa que amedronta os políticos é o povo nas ruas.
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