Pular para o conteúdo principal

Total de visualizações de página

QUATRO MESES


Depois de quatro meses sem sair de casa aproveitei o dia lindo que fez ontem para matar a saudade do Aterro do Flamengo. Eu e Carla (a única que tem saído regularmente para o supermercado) pegamos nossas máscaras e descemos a rua. O movimento estava praticamente normal com muita gente trabalhando e passeando, não fossem as máscaras não diríamos que estamos numa pandemia.

Muita gente sem máscara, pelo menos, 40% do rebanho, que me deixou confuso sem saber se era resultado de uma estafa natural da quarentena, ou pura irresponsabilidade daqueles que mesmo diante dos mais de setenta mil óbitos do Covid-19, agem com inconsciência diante da tragédia, insensíveis a dor das famílias e a própria saúde.

O dia estava lindo e a paisagem única do Aterro nos deixou felizes e cheios de planos para o futuro próximo, nos prometendo curtir mais esses momentos, viajar mais e abraçar as pessoas queridas. O mar calmo estava cheio de velas brancas dos pequenos barcos, do aeroporto Santos Dumont subiram os aviões, mesmo que as operações ainda estejam abaixo do normal.  

Mas a praia estava cheia, muita gente vivendo como se não houvesse amanhã. Os campos de futebol cheios com jogadores se digladiando sem proteção, como de resto nas quadras de vôlei do parque e da praia, e uma novidade, uma quadra de frescobol, esse controverso esporte que sempre irrita os banhistas, agora em espaço apropriado poderá existir sem problema.

Sentimo-nos felizes, um prazer enorme por andar sob o sol do Aterro mais uma vez. Parecia mesmo tudo normal, mas não dá para ser muito feliz no Rio de Janeiro, certamente a cidade mais infeliz neste momento de pandemia, com o ex-secretário de saúde na cadeia, o governador atolado em corrupção, e o prefeito que vai pelo mesmo ralo, enquanto os profissionais da saúde não recebem seus salários e morrem na linha de frente de combate ao Covi-19. Uma parte da região metropolitana entregue a milícia e ao crime organizado, com pessoas vivendo em verdadeiro Estado de Sítio. Tiroteios, negligência na saúde, transportes superlotados, profissionais que não recebem seus salários, toque de recolher nas comunidades, desrespeito com a paisagem natural, e a justiça colocando na rua os bandidos que podem pagar.

Fora essas coisas, o Rio continua lindo!

Comentários

  1. O carioca sempre viveu como se não houvesse amanhã é isso é o melhor diferencial do carioca contra o resto dos brasileiros. Independente de pandemias, gestão esquerda ou direita, inverno, verão, ou seja lá o que for, o Rio de Janeiro sempre continuará lindo. A novidade do frescobol é que duvido muito que prospere pois mesmo que muitos não gostem, é um esporte de areia acompanhada de sol, de sal, de muitas ondas e principalmente, da beleza das cariocas.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

AVELOZ NA CURA DO CÂNCER

Aveloz é planta conhecida como dedo do cão, dedo de anjo, graveto do cão, canela de frade, cega-olho, figueira do diabo, árvore de São Sebastião e gaiolinha, entre outros apelidos. Cientistas e médicos brasileiros estão testando em humanos o potencial da planta no tratamento do câncer.

30 ANOS DEPOIS

Trinta anos depois volto a trabalhar com Bia Lessa, desta vez na sua visceral adaptação do épico de Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas .

O QUE O DINHEIRO NÃO PODE COMPRAR?

D inheiro compra até amor verdadeiro , disse Nelson Rodrigues, nosso maior dramaturgo, jornalista e frasista dos melhores, mas Nelson não era rico, falou sem conhecimento de causa, mesmo que tivesse perscrutado o mais recôndito de nossas almas e tivesse observado como poucos a vida social, mas ainda assim, não teve dinheiro para comprar tudo. Lembrei-me de sua frase depois de ler o que escreveu John D. Rockefeller, em 1909, este sim, o primeiro bilionário de verdade dos Estados Unidos, escreveu ele: a novidade de ser capaz de comprar o que quiser passa rápido, porque o que as pessoas mais procuram não pode ser comprado .

MEU PAI

Não conheci meu pai, ele morreu me deixando com um ano e quatro meses e meu irmão com seis meses, depois disso fomos morar com nossos avós maternos, nos criamos chamando nossos avós de papai e mamãe, e nossa mãe de Tetê, como todos a chamavam, mesmo sabendo que era nossa mãe. Hoje ela tem 90 anos e continua ativa fazendo o que quer, e sou feliz por isso. Seu Francisco, meu avô, substituiu meu pai e a família nos encheu de carinho para que não nos

DO TEATRO AO CINEMA

Aos amigos que sentiram minha ausência nessas sete semanas informo que foi por uma boa causa. Além das viagens que fizemos com a peça "Grande Sertão Veredas" nos primeiros quinze dias de setembro por Manaus (Festival Passo a Paço), Santos (Festival

MEU PERSONAL TRAINER

Personagem: Medeiro Vaz Foto de Lorena Zschaber De repente me vi obrigado por necessidade profissional a ter um corpo ágil e forte. Precisava enfrentar como ator a maratona que é o espetáculo Grande Sertão: Veredas . Convoquei meu filho Henrique e em poucos meses me vejo seguro para enfrentar os ensaios e apresentações do visceral espetáculo. O resultado disso foi que... - Aumentei minha força. - Aumentei minha massa muscular . - Melhorei minhas condições cardiorrespiratórias. - Tenho mais disposição. - Melhorei minha flexibilidade. Treinador Henrique Monteiro - Reorientei minha dieta, porque não adianta você se esforçar tanto fisicamente, se não compensar o desgaste de suas energias com uma dieta que mantenha as necessidades de seu novo corpo, novo corpo sim, mesmo que isso não fique claro para quem veja. Aprendi até a ingerir whey. Agora não para mais.