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VIVA A LEI!


Hoje acordamos com a notícia alvissareira do afastamento do governador Witzel, prisão do presidente de seu partido, mais algumas prisões e apreensões envolvendo a cúpula do governo, e prisão de um desembargador, todos envolvidos de corrupção nos gastos emergenciais da pandemia. Mas isso é muito pouco diante de nosso desalento, porque já aguardamos a hora em que todos estarão livres e faqueiros para delinquir novamente.     

Na primeira instância a lei prende os pobres, e solta os traficantes, enquanto os desvalidos morrem de balas perdidas nas ruas e até dentro de casa, pois não há lugar seguro nesta cidade. Os bandidos perigosos, mas endinheirados, quando são presos, saem sorrindo da cadeia com o alvará de soltura na mão,  não importa os crimes quem tenham cometido.

No andar de cima, bem lá em cima, o Supremo se encarrega de soltar os bandidos do colarinho branco, quando prendem. Para esses parecia que o tempo havia chegado, mas foi nosso engano. Eles continuam protegidos, demonstrando que neste país bandido é quem rouba pouco.

Agora a manobra é para soltar todos os corruptos da Lava Jato. Nessa estão juntos o governo federal, a PGR e o Supremo, e a jogada é levar o Toffoli para a segunda turma, aí ficarão três votos contra dois, e a Lava Jato vai para o brejo de vez. Vão liberar todos os condenados que nos últimos anos vimos, pela primeira vez na história, sentir o gosto amargo da lei, fazendo-nos acreditar que a lei era para todos. O passo seguinte, ou concomitante, será evitar que os corruptos do momento percam seus cargos, ou cheguem à prisão.   

No meio ficamos nós, espremidos fisicamente pelos bandidos que assolam as ruas e oprimem as comunidades, e emocionalmente pela injuria, e falta de perspectiva diante da justiça guiada pelo dinheiro e por Interesses espúrios.

Na Grécia antiga o filósofo Diógenes de Sinope, também conhecido como o Cínico, tornou-se mendigo e habitava as ruas de Atenas fazendo da pobreza extrema uma bandeira de luta, e com uma lamparina na mão durante o dia procurava um homem honesto. Ele via que a virtude era mais bem revelada na ação que na teoria, sua vida consistiu duma campanha incansável para desbancar as instituições e valores sociais do que ele via como uma sociedade corrupta. O que pensaria Diógenes se chegasse por aqui nestes dias?

Assolados por essa pandemia, somos acharcados por governadores e prefeitos corruptos, por milicianos e bandidos do crime organizado, com a consciência de que se algum desses chegar a ser preso logo terá o alvará de soltura expedido por aqueles que deveriam proteger a sociedade, e nos sentimos mal. Vemos juízes e governantes empurrando nossa história para a incivilidade, a brutalidade e a desigualdade, que tem sido nossa realidade permanente, sem salvação.      

Nosso destino cruel e, pelo que parece inescapável, nos condena para sempre a um país de terceiro, ou quarto mundo, atolados na ignorância, na desigualdade social e no autoritarismo de sempre.

E vamos nós seguindo os andores ideológicos e os déspotas de plantão, numa procissão onde cegos guiam cegos, para o abismo social da nossa desilusão e incoerência.

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