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EMICIDA E O BRASIL

 


 

O lançamento pela Netflix de AmarElo - É tudo para ontem, documentário do compositor e cantor Emicida é seguramente a coisa mais importante que aconteceu neste ano torto. Não se trata apenas de um filme sobre um artista, sobre música ou o empoderamento negro, trata de todos nós, de todo homem e mulher nascido, trazido ou chegado ao Brasil, trata dos caminhos e descaminhos trilhados por nossa nação nesses 500 anos.

O filme é urgente para todos que se preocupam com o presente e com o futuro do país, porque Emicida e seus companheiros já fizeram sua parte, dizendo sem papas na língua, com virulência, mas sem ódio, até com amor, que não aguentam mais. Mostraram sem meias palavras como tratamos nossos iguais neste país de tantas desigualdades.

Se alguém ainda tinha dúvida do protagonismo e contribuição dos africanos e seus descendentes no desenvolvimento do país, na criação da riqueza material desde o braço escravo até a criação artística, do desempenho desportista à reflexão filosófica, já não tem o direito de ter, porque o documentário consegue a proeza de reunir em pouco mais de uma hora e meia parte do melhor da nação, de nossa arte, nosso pensamento, nossa cultura, nossa alegria e nossa alma, e ela é preta, como a pele de seus protagonistas.

Mas isso não deveria ser novidade para ninguém porque brancos conscientes e honestos diante da verdade histórica já haviam revelado, e agora me lembro de alguns deles: Darcy Ribeiro, Gilberto Freyre, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Jorge Amado, Castro Alves, eles ficariam felizes se pudessem assistir a esse documentário do Emicida, que fez questão de fazer sua festa política, social, cultural, num espaço simbólico de São Paulo, e do Brasil, o Teatro Municipal, no momento que beira os 100 anos de outra reunião de antenados que sacudiu para sempre a história da arte, a Semana de Arte Moderna de 1922. A força das histórias, e das imagens, nos emociona e nos levam a reflexão.

Não deixem para ver esse filme ano que vem, ou depois, ele precisa ser visto e discutido com urgência, porque, certamente, nos ajudará a nos encontrarmos mais cedo com nosso destino nacional, como uma nova Roma nos trópicos, como queria Darcy Ribeiro. 


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