O dia 14 de março é prodigioso em nossa literatura, nesse dia nasceram o poeta Castro Alves, Carolina Maria de Jesus, nossa primeira escritora negra, Carlos Heitor Cony, de Quase Memória e João Felício dos Santos, de Gamga Zumba e Xica da Silva. Os homens deram voz aos excluídos e a mulher, ela própria uma excluída, ousou escrever e se transformou na mais importante escritora negra do país, prestigiada no exterior.
CASTRO ALVES (Antônio Frederico), nasceu em Muritiba, BA, em 1847. Conhecido como o poeta dos escravos, faleceu de tuberculose em 6 de julho de 1871, aos 24 anos, sem ter podido concluir seu mais ambicioso trabalho, o livro Os Escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. O negro, escravizado, dificilmente se podia elevar a objeto estético, mas Castro Alves eleva-o dessa condição, numerosas vezes. Para a maioria dos escritores que trataram do tema, o problema social surgiu como consciência literária, o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano.
JOÃO FELÍCIO DOS SANTO nasceu em Mendes, RJ, em 1911. Foi incansável pesquisador da História e dos costumes brasileiros, onde aparecem nomes como Ganga Zumba, Carlota Joaquina, Calabar, Antônio Conselheiro, Xica da Silva, Aleijadinho, João Abade e muitos outros que encontramos em suas narrativas. Ele embrenhou-se pelo Brasil como topógrafo que era de profissão, garimpando personagens que hoje estão marcados nas páginas de seus livros. Suas obras mais conhecidas são Ganga Zumba (1962), que lhe rendeu um prêmio pela Academia Brasileira de Letras (ABL), e Xica da Silva. Ambos adaptados para o cinema sob a direção de Cacá Diegues. Foi perseguido pelo AI-5, acusado de subversão devido ao ponto de vista de suas obras, e por catedráticos de história, que não perdoaram sua ousadia de misturar história e ficção, dando preferência ao discurso dos excluídos. CARLOS HEITOR CONY é outro autor desse dia, nasceu no Rio de Janeiro em 1926. Ganhou os principais prêmios de literatura no Brasil. Duas vezes o Manuel Antônio de Almeida, com A Verdade de Cada Dia (1957) e Tijolo de Segurança (1958). O Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra, em 1996. O Jabuti de 1996 por Quase Memória, o de 1997, por A Casa do Poeta Trágico e o de 2000, por Romance sem Palavras. E o Prêmio Nestlé de Literatura de 1997, por O Piano e a Orquestra. Os romances Quase Memória e A Casa do Poeta Trágico ganharam o Prêmio “Livro do Ano”, em 1996 e 1997, pela Câmara Brasileira do Livro. Recebeu o Grande Prêmio da Cidade do Rio de janeiro – 2014 – da Academia Carioca de Letras. Foi diretor de Teledramaturgia da Rede Manchete, produzindo e escrevendo sinopses de novelas como A Marquesa de Santos, D. Beja e Kananga do Japão. Também foi perseguido pela ditadura militar, preso várias vezes, devido ao que escrevia nos jornais.
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