A guerra do governo contra a cultura e especialmente a Lei Rouanet, diante dos cachês milionários dos sertanejos que engrossam o coro do governo contra a Lei de Incentivo, mostrou mesmo o que sempre foi, uma grande farsa. Gritam eles contra a Rouanet enquanto estão levando o dinheiro público direto na veia, sem controle.
Para os que não sabem o
controle dos gastos na Lei Rouanet sempre foi extremamente rigoroso, você tem
que apresentar nota para um alfinete que compre. Claro que não sou ingênuo de
achar que não há corrupção em um ou outro grande projeto de milhões, mas
corrupção é moeda corrente no Brasil. E os grandes corruptos encontram sempre
defensores, são perdoados a toda hora, é o que vemos.
Ver
os sertanejos gritando contra a Rouanet como se fossem defensores do dinheiro
público é um mal que fazem não apenas aos artistas, cuja maioria depende dos
apoios e patrocínios para colocar os projetos na rua, mas a cultura como um
todo e o desenvolvimento artístico e intelectual do país.
Mas
o problema em todo esse imbróglio não é o cantor sertanejo, que se apresenta
com grande produção e emprega muita gente, ainda oferece oportunidade para
inúmeros trabalhadores na periferia desses shows. O problema está em oferecer
esse show para uma cidade de sete mil habitantes usando a verba destinada a
educação e a saúde, que é o que o Ministério Público quer saber e nós também.
O
problema está nessa farra generalizada com o dinheiro público, feita por
prefeitos demagogos e corruptos, que pouco estão preocupados com os problemas
reais de suas cidades. Dão o circo enquanto o povo necessita de pão e saúde. Se
atendessem a todas as necessidades da população não haveria problema.
De
toda essa celeuma sobra uma um aspecto positivo, é que, para quem quer
ver, não adianta de onde venha a
corrupção e a demagogia, são todas contra a nação, contra a cultura e a
civilização. E a gente ainda ver bolsais dizendo que não precisam de artistas,
precisam de encanadores, médicos, bombeiros... Dá vontade de perguntar a esses
sujeitos o que seria a vida sem a música, o cinema, a arte, a literatura, mas
esses certamente jamais abriram um livro para ler.
Mas
um país pode sucumbir se uma quantidade grande de sujeitos como esses chegarem
majoritariamente ao poder, impondo sua ignorância e seus preconceitos, fáceis
de serem manipulados por frases de efeitos e por mentiras que eles tomam como
verdade. São diversos os países que nos últimos oitenta anos sucumbiram às
falácias de autocratas. Ainda não estamos lá, mas essas coisas podem acontecer
quando menos se espera.
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