Somos tolos quando acreditamos sem nunca desconfiar, sem exercitar o beneficio da dúvida que sempre protege os mais sensatos. Atolados são os que acreditam que a mentira sempre vence. Como diz o velho ditado ela tem pernas curtas, algumas mais curtas que as outras. Mas os mentirosos estão sempre na crista da onda, quer sejam religiosos, políticos, gurus ou maridos perfeitos.
O momento atual tem nos dado exemplos de sobra sobre como nós, os tolos, protegemos aqueles que são ou serão atolados na próxima curva da história. O ex-ministro e os pastores do Ministério da Educação agora presos, estão nesta categoria, mas fizeram tudo em nome de Jesus, com o “Brasil acima de todos e Deus acima de tudo”. Pediram até quilo de ouro para liberar verbas do Ministério para as cidades. Mas tudo em nome do Senhor.
"O patriotismo é o último refúgio do canalha", disse o conhecido literato inglês, Samuel Johnson, e podemos acrescentar que no nosso caso ele, o patriotismo, vem acompanhado de Deus, mas um Deus prepotente e preconceituoso, que discrimina pobres, índios, homossexuais e crianças em condições especiais que querem frequentar a escola regular.
O presidente falou que botaria a mão no fogo pelo ministro, e o ministro em vídeo gravado em uma de suas reuniões afirmou que recebia os pastores corruptos a pedido do presidente. Quem coloca a mão no fogo por alguém, sem desconfiar que o inferno esteja tão perto, das duas uma, ou é um sujeito incapaz, ou já fez o cálculo das queimaduras levando em consideração a cegueira dos que acreditam.
É impressionante como gostamos de acreditar em mentirosos, não aprendemos com o passar dos tempos, por isso eles aparecem sempre. E quando acreditamos é pra valer, por isso eles se dão tão bem.
A situação do vereador Gabriel Monteiro, do Rio de Janeiro, é tão patética, suas performances são tão demagogicamente construídas, que parece estranho alguém veja veracidade em tudo aquilo, mas, incrivelmente, ele tem 20 milhões de seguidores em suas redes sociais. E muitas empresas o patrocinam, algumas delas abandonaram o barco somente agora depois dos escândalos, de estupro gravado, da malversação do dinheiro público. Mas a brutalidade de suas ações, a simulação da verdade, as fake news, sempre estiveram lá.
São dois exemplos frescos, somente para ilustrar nosso comportamento
diante desse fenômeno, desse impulso que temos para acreditar e seguir os
mentirosos. Sei que o poder da imagem é avassalador, que a manipulação da
verdade é muito mais fácil hoje com as redes sociais, que embotam o
discernimento crítico, mas nem sempre somos tolos porque somos ingênuos, nossa
tolice também pode estar noutro lugar, na cumplicidade.
Comentários
Postar um comentário