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A BOLSA DE VALORES E A NOSSA POBREZA

Vi nas redes sociais pessoas falando com ironia dos que começam a se interessar pela Bolsa de Valores, como se isso fosse uma aberração por não serem ricos. Demonstram essas pessoas que não sabem como as Bolsas funcionam, nem porque elas existem. Quando alguém de classe média aplica na Bolsa, além de estar projetando uma aposentadoria mais confortável, está injetando seu dinheiro numa empresa que irá com seu crescimento dar mais emprego, gerir mais recursos na economia real, pagando mais impostos. Na verdade a economia real e a Bolsa de Valores são coisas distintas, mas uma reflete a outra. Vejam então. Nos Estados Unidos, meca do capitalismo, cerca de 65%* da população aplica nas Bolsas direta, ou indiretamente através dos fundos de investimento. Numa população em torno de 320 milhões de pessoas quer dizer que mais de 160* milhões aplicam suas economias nas Bolsas. São 160 milhões de pessoas colocando suas economias em empresas que dão trabalho para quem precisa. Mesmo nos Esta

QUEM DEFENDE O CIDADÃO?

No mesmo momento em que Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, baixa uma resolução que freia todas as operações contra a corrupção, nisso incluso não só os agentes públicos corruptos, mas ainda a lavagem de dinheiro do crime organizado e do terrorismo, afirmando que faz para defender o cidadão contra possível devassa em seus dados pessoais. O Presidente da República, por sua vez, leva para debaixo de suas asas a ANCINE, responsável pela política do audiovisual no país. Levando-a do Rio de Janeiro, onde vive grande parte dos produtores do audiovisual, para Brasília, onde não há produção expressiva, para ficar perto dele e assim poder controlar, como revelou, para que não ajude a produções de filmes como aquele sobre a vida de Bruna Surfistinha. Alegando que faz isso em nome da família. Como se todas as famílias brasileiras pensassem iguais e quisessem as mesmas coisas, como se o dinheiro público não pertencesse a todas elas, mas só a parte delas, aquelas que pensam

PIAF & BRECHT, QUERO AINDA

Quando escrevo sobre teatro não é porque sou crítico, antes tenho o hábito de tecer somente sobre o que gostei, porque deixo aos críticos a tarefa que lhes cabe. Mas sábado fui ao Teatro Prudential, antigo Adolfo Bloch, assistir “Piaf & Brecht, a vida em vermelho”, com Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto. A junção que pelo inusitado nos traz grandes expectativas, o encontro entre a razão e a emoção, mas o espetáculo entrega menos do que promete. Ele propõe uma brincadeira que a plateia não entende e se entende não embarca. O texto diz que se trata de um ensaio e propõe um concurso para um futuro espetáculo, como uma disputa num programa de auditório. A plateia deverá decidir depois de ouvir as histórias e as canções de Edith Piaf e Bertolt Brecht, qual delas deverá ser encenada, como se a plateia não conhecesse, ou tivesse dúvidas sobre a criação dos dois artistas. A partir dessa proposta começam os equívocos, porque a direção em vez de aliviar, exacerba os defeitos

A REFORMA REFORMA TUDO?

No balaio da reforma da previdência de tudo tem na feira das virtudes e imposturas. Porque depois de tudo que vivemos, depois do nosso atraso crônico, depois dos descalabros na saúde, na segurança, na educação e no baixo desenvolvimento industrial, que nenhum governo conseguiu resolver com a necessidade que a nação precisa, e da derrocada do sistema de previdência que alguns não veem por medo do futuro, outros por incapacidade de fazer cálculos e outros por puro oportunismo político, nos vemos nas mãos de congressistas malandros que sem um mínimo de cidadania boicotam o futuro das novas gerações. Como os que pretendem deixar estados e municípios fora da reforma geral da previdência com receio de perderem votos nas próximas eleições. O que também fazem governadores do Nordeste, que mesmo sabendo que estão sob uma bomba relógio previdenciária, que irá explodir logo ali à frente, arrotam o discurso da defesa do trabalhador. Populismo canhestro porque ninguém precisa ser expert

QUEM ELEGEU LULA, DILMA E BOLSONARO?

Há sete meses das eleições e Bolsonaro ainda não sabe por que ganhou, nem o PT quer saber por que perdeu. Enquanto o presidente acha que foi eleito porque o filho sabe mexer nas redes sociais, o PT acha que perdeu porque de repente os brasileiros se tornaram fascistas, amantes das armas e contra os pobres. São as narrativas de Bolsonaro e dos petistas. É preciso lembrar que somente os votos da esquerda não elegeriam Lula para o primeiro mandato, nem os votos dos bolsominions teriam elegido Bolsonaro. Foi preciso que Lula fizesse a carta aos brasileiros se comprometendo com a segurança dos contratos, em não confiscar a poupança do povo etc. Assim ele trouxe as pessoas do centro para seu lado e se elegeu. Para Bolsonaro foi mais fácil, bastou meter o pau no PT e amedrontar o povo com a volta do partido que institucionalizou a corrupção e levou o país a maior recessão de sua história, assim trouxe o centro para seu lado. Portanto, quem elegeu Lula, Dilma e Bolsonaro foram a

TREM DOS INSENSATOS

A locomotiva nacional corre no desfiladeiro para destino incerto, leva homens bons, maus, santos e demônios, e a esperança para o purgatório das almas. Tudo é dantesco, mas é o que temos para hoje. A imagem me vem à cabeça quando penso em nossa situação econômica, e recordo uma passagem que bem representa o conhecimento das pessoas sobre a economia do país. Faz algum tempo, nem lembro se dentro da considerada década perdida dos anos 80, a lembrança é de uma mulher chorando diante dos muros de uma grande empresa que havia fechado as portas. Na frente estavam os empregados protestando pela perda do trabalho, e a mulher, cujo esposo estava entre eles, apontava chorando para o enorme prédio e dizia: - É mentira, como é que uma empresa desse tamanho não tem dinheiro? Acusava os empresários de maldade por terem fechado a fábrica. Ela confundia a grandiosidade do prédio com a saúde financeira e econômica da empresa, para ela uma coisa representava a outra. Esse é o pensamento c

QUEM FOI MELHOR QUE ANTUNES FILHO?

Antunes Filho encantou-se, porque pessoas como ele não morrem. Foi para o mundo dos gênios, dos monstros sagrados e das fadas. O olimpo dos que não vieram ao mundo a passeio. Sempre foi um grande diretor, mas depois de Macunaíma elevou seu nome e o Teatro Brasileiro a um patamar até então não alcançado. Assisti ao espetáculo três vezes, duas aqui no Rio de Janeiro e uma em João Pessoa, tive a sorte de estar na Paraíba de férias quando a peça passou por lá.  Após cada sessão sempre me perguntei: como é que ele chegou a essas soluções. Como é que a partir de um palco nu, isto é, limpo de objetos, ele consegue em tão pouco tempo enchê-lo e transformá-lo diante de nossos olhos como um mágico que tira o coelho da cartola sem deixar rastros. Foram momentos de encanto total. Primeiro, o palco ganhou todas as dimensões possíveis, aquilo que costumávamos ver no chão, com ele podia acontecer em qualquer dimensão   do palco italiano. Porque quebrar a quarta parede para descobrir o