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QUATRO MESES

Depois de quatro meses sem sair de casa aproveitei o dia lindo que fez ontem para matar a saudade do Aterro do Flamengo. Eu e Carla (a única que tem saído regularmente para o supermercado) pegamos nossas máscaras e descemos a rua. O movimento estava praticamente normal com muita gente trabalhando e passeando, não fossem as máscaras não diríamos que estamos numa pandemia. Muita gente sem máscara, pelo menos, 40% do rebanho, que me deixou confuso sem saber se era resultado de uma estafa natural da quarentena, ou pura irresponsabilidade daqueles que mesmo diante dos mais de setenta mil óbitos do Covid-19, agem com inconsciência diante da tragédia, insensíveis a dor das famílias e a própria saúde. O dia estava lindo e a paisagem única do Aterro nos deixou felizes e cheios de planos para o futuro próximo, nos prometendo curtir mais esses momentos, viajar mais e abraçar as pessoas queridas. O mar calmo estava cheio de velas brancas dos pequenos barcos, do aeroporto Santos Dumont s

LIÇÕES DO CONFINAMENTO

Ainda em meio à pandemia que nos obriga a ficar presos em casa (nem todos), vendo o mundo através das janelas eletrônicas, da televisão, do computador e do celular, acompanhando os noticiários oficiais e as fofocas das redes sociais, que algumas vezes se confundem e nos deixam sem saber onde está a notícia e onde está a fofoca, vamos tirando conclusões sobre o que nos acontece, e como pensamos sobre o que virá depois desse confinamento. No primeiro momento nos regozijamos com a limpeza dos céus e das águas dos oceanos, vimos animais silvestres andando pelas ruas das cidades desertas, até mesmo feras do profundo das matas deram as caras com a saída dos humanos de circulação. Descobrimos o que já sabíamos, que menos gente e, principalmente, menos automóveis nas ruas, são melhores para o planeta. Mas tudo tem seu lado positivo e negativo. Ao lado da melhoria na poluição atmosférica, não na Amazônia brasileira naturalmente, onde a estupidez humana aumentou os desmatamentos e a

O QUE DÁ SENTIDO A SUA VIDA?

Num momento de tantos conflitos políticos, sociais, raciais, profissionais, religiosos, pessoais, buscar um sentido para a vida parece natural. Para Joseph Campbell, “A vida é desprovida de sentido. Você dá sentido a ela. O sentido da vida é aquilo que você atribui a ela. Estar vivo é o sentido.” Então, qual é o sentido da sua? Se é que você está preocupado com isso.   O que faz com que todos os seus sofrimentos valham a pena? É ir ao shopping fazer compras? É se sentir amado? É sua conta bancária? É o investimento que você acha que é seguro? É pertencer a uma religião, a uma seita? A um partido político? É viajar? Não faz muito tempo o que dava sentido à vida das pessoas era se sentirem seguras no emprego. Mais do que isso, era trabalharem numa função que lhes dava identidade. Elas eram o que faziam. As pessoas trabalhavam a vida inteira na mesma função, até se aposentarem. Vendo de longe parece maçante, mas possivelmente dava um conforto emocional extraordinário, porque d

DEMOCRACIA À DERIVA

A globalização que leva os empregos para outros lugares, quando há, e o avanço das novas tecnologias, vão fazer cada vez mais as pessoas sentirem medo da vida, quando perceberem que o esforço que fizeram para conseguir um bom trabalho não será suficiente para terem as mesmas condições de vida que tiveram gerações passadas, de seus pais, de seus avós. As graduações, pós-graduações e doutorados, já não são suficientes para lhes oferecer melhores qualidades de vida, porque as oportunidades de trabalho, sobretudo agora no baque da economia global com a pandemia do Covid-19, vai levar essa situação a momentos dramáticos, especialmente para nós que já vínhamos com a economia em frangalhos. São nesses momentos de escassez, de incertezas diante do futuro, que aparecem os salvadores da pátria, políticos populistas com propostas de soluções simples para questões complexas. Acusam os outros competidores nas eleições de corruptos, e quase sempre estão certos, mas acusam os outros do que

SÓ AS RUAS NOS SALVARÃO!

As manifestações do domingo passado pela democracia são o prenúncio de uma reviravolta concreta contra os arroubos autoritários do presidente. Mesmo para a população que vê em membros do STF o que deve ser mudado no país, por ações inexplicáveis diante da corrupção e desmandos no andar de cima, mesmo aí, vê-se que os ataques apoiados pelo presidente contra o Supremo são ensaios de um populista que visa subverter nossa democracia numa aventura a lá Hugo Chaves, na Venezuela, Viktor Orbán, na Hungria, ou Vladimir Putin, na Rússia, mesmo que seu espelho seja Donald Trump, outro candidato a ditador. As democracias, no Brasil e nos Estados Unidos, estão ameaçadas caso esses presidentes sejam reeleitos. Aí sim, correremos sérios riscos de ver suprimida a democracia liberal em nossos países. Mais fácil de acabar aqui do que lá, onde há a crença arraigada na independência dos poderes e das instituições. Nossa jovem democracia vive combalida diante dos escândalos de corrupção e desmandos q

NOSSA CASA

Antes a Terra inteira era nossa casa, desfrutávamos dela como iguais entre as coisas e os outros animais. Tratávamos tudo e todos como iguais, mesmo que fôssemos obrigados a comer alguns para sobreviver, mas também fazíamos parte da cadeia alimentar, fazia parte do jogo.  Certamente que não era fácil, mas sabíamos nosso lugar, caçávamos o que podíamos e corríamos para não sermos caçados. Vivíamos na maior adrenalina, e pensávamos como os frequentadores dos Alcoólicos Anônimos, "mais um dia!" Ganhando cada dia como se fosse o último. Se trovejava corríamos para a toca tremendo de medo, sem saber o que fazer. E quando o dia era lindo, também não podíamos dar bobeira, precisávamos correr literalmente atrás de nosso almoço. Mas o planeta era nossa casa.  Conversávamos com uma montanha como se fosse um parente próximo, entendíamos seu bom, ou seu mau humor, como ela entendia o nosso. Assim fazíamos com as árvores, os rios, as ondas do mar, com as nuvens, conhecíamos ao

UM PAÍS PARA NÃO DAR CERTO

Nenhuma nação vive a tragédia dessa pandemia como a nossa. Como se não bastassem as mais de 20 mil mortes já computadas, e um prognóstico de ultrapassarmos esse número duas, três, quatro vezes, muitas delas poderiam ser evitadas se nossos representantes não tivessem preocupados apenas com seus desmandos. Não usassem a pandemia para continuar roubando o povo com hospitais de campanha superfaturados, equipamentos comprados e não entregues, apesar do absurdo dos preços contratados, ou, quando não, inadequados para o combate ao vírus, que nem salvam vidas e expõem o pessoal da saúde ao contágio. O governador do Rio de Janeiro não entregou os hospitais que prometeu, nem na quantidade, nem com os equipamentos e pessoal que deveria, mas tem autorizado sua polícia a entrar nos bairros populares atirando e ceifando a vida de inocentes. Ao mesmo tempo a justiça libera bandidos perigosos da cadeia com a desculpa do contágio. Tudo isso enquanto vemos carreatas de tresloucados pedindo a aber