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VIVA A LEI!

Hoje acordamos com a notícia alvissareira do afastamento do governador Witzel, prisão do presidente de seu partido, mais algumas prisões e apreensões envolvendo a cúpula do governo, e prisão de um desembargador, todos envolvidos de corrupção nos gastos emergenciais da pandemia. Mas isso é muito pouco diante de nosso desalento, porque já aguardamos a hora em que todos estarão livres e faqueiros para delinquir novamente.      Na primeira instância a lei prende os pobres, e solta os traficantes, enquanto os desvalidos morrem de balas perdidas nas ruas e até dentro de casa, pois não há lugar seguro nesta cidade. Os bandidos perigosos, mas endinheirados, quando são presos, saem sorrindo da cadeia com o alvará de soltura na mão,  não importa os crimes quem tenham cometido. No andar de cima, bem lá em cima, o Supremo se encarrega de soltar os bandidos do colarinho branco, quando prendem. Para esses parecia que o tempo havia chegado, mas foi nosso engano. Eles continuam protegidos,

UM DIA NO VELHO OESTE

No Velho Oeste ele nasceu. Não sei se se criou entre bravos, mas se fez xerife e como paladino da justiça, um dia achou que poderia livrar a cidade dos bandidos que a dominavam. Com a ajuda de outros jovens xerifes, não comprometidos com os descaminhos dos velhos homens da lei que sempre pactuaram com os velhos bandidos, criou uma força tarefa e foi atrás dos meliantes que sugavam as riquezas de todos. Não foi uma luta fácil, era um grupo pequeno contra não apenas uma, ou duas quadrilhas, como se verificou no curso da história, mas várias. Quanto mais eles descobriam e pegavam bandidos, mais eles apareciam. Bandidos pequenos, grandes, donos do pedaço. Não tivesse sido a tenacidade do grupo eles teriam sucumbido. Finalmente o povo achou que havia chegado a um Novo Oeste, que se não acabara com a bandidagem, pelo menos, dera cobro, que a partir dali os poderosos pensariam duas vezes antes de delinquir, graças ao grande xerife e sua turma. Tadinho daquele povo.       Pois q

QUATRO MESES

Depois de quatro meses sem sair de casa aproveitei o dia lindo que fez ontem para matar a saudade do Aterro do Flamengo. Eu e Carla (a única que tem saído regularmente para o supermercado) pegamos nossas máscaras e descemos a rua. O movimento estava praticamente normal com muita gente trabalhando e passeando, não fossem as máscaras não diríamos que estamos numa pandemia. Muita gente sem máscara, pelo menos, 40% do rebanho, que me deixou confuso sem saber se era resultado de uma estafa natural da quarentena, ou pura irresponsabilidade daqueles que mesmo diante dos mais de setenta mil óbitos do Covid-19, agem com inconsciência diante da tragédia, insensíveis a dor das famílias e a própria saúde. O dia estava lindo e a paisagem única do Aterro nos deixou felizes e cheios de planos para o futuro próximo, nos prometendo curtir mais esses momentos, viajar mais e abraçar as pessoas queridas. O mar calmo estava cheio de velas brancas dos pequenos barcos, do aeroporto Santos Dumont s

LIÇÕES DO CONFINAMENTO

Ainda em meio à pandemia que nos obriga a ficar presos em casa (nem todos), vendo o mundo através das janelas eletrônicas, da televisão, do computador e do celular, acompanhando os noticiários oficiais e as fofocas das redes sociais, que algumas vezes se confundem e nos deixam sem saber onde está a notícia e onde está a fofoca, vamos tirando conclusões sobre o que nos acontece, e como pensamos sobre o que virá depois desse confinamento. No primeiro momento nos regozijamos com a limpeza dos céus e das águas dos oceanos, vimos animais silvestres andando pelas ruas das cidades desertas, até mesmo feras do profundo das matas deram as caras com a saída dos humanos de circulação. Descobrimos o que já sabíamos, que menos gente e, principalmente, menos automóveis nas ruas, são melhores para o planeta. Mas tudo tem seu lado positivo e negativo. Ao lado da melhoria na poluição atmosférica, não na Amazônia brasileira naturalmente, onde a estupidez humana aumentou os desmatamentos e a

O QUE DÁ SENTIDO A SUA VIDA?

Num momento de tantos conflitos políticos, sociais, raciais, profissionais, religiosos, pessoais, buscar um sentido para a vida parece natural. Para Joseph Campbell, “A vida é desprovida de sentido. Você dá sentido a ela. O sentido da vida é aquilo que você atribui a ela. Estar vivo é o sentido.” Então, qual é o sentido da sua? Se é que você está preocupado com isso.   O que faz com que todos os seus sofrimentos valham a pena? É ir ao shopping fazer compras? É se sentir amado? É sua conta bancária? É o investimento que você acha que é seguro? É pertencer a uma religião, a uma seita? A um partido político? É viajar? Não faz muito tempo o que dava sentido à vida das pessoas era se sentirem seguras no emprego. Mais do que isso, era trabalharem numa função que lhes dava identidade. Elas eram o que faziam. As pessoas trabalhavam a vida inteira na mesma função, até se aposentarem. Vendo de longe parece maçante, mas possivelmente dava um conforto emocional extraordinário, porque d

DEMOCRACIA À DERIVA

A globalização que leva os empregos para outros lugares, quando há, e o avanço das novas tecnologias, vão fazer cada vez mais as pessoas sentirem medo da vida, quando perceberem que o esforço que fizeram para conseguir um bom trabalho não será suficiente para terem as mesmas condições de vida que tiveram gerações passadas, de seus pais, de seus avós. As graduações, pós-graduações e doutorados, já não são suficientes para lhes oferecer melhores qualidades de vida, porque as oportunidades de trabalho, sobretudo agora no baque da economia global com a pandemia do Covid-19, vai levar essa situação a momentos dramáticos, especialmente para nós que já vínhamos com a economia em frangalhos. São nesses momentos de escassez, de incertezas diante do futuro, que aparecem os salvadores da pátria, políticos populistas com propostas de soluções simples para questões complexas. Acusam os outros competidores nas eleições de corruptos, e quase sempre estão certos, mas acusam os outros do que

SÓ AS RUAS NOS SALVARÃO!

As manifestações do domingo passado pela democracia são o prenúncio de uma reviravolta concreta contra os arroubos autoritários do presidente. Mesmo para a população que vê em membros do STF o que deve ser mudado no país, por ações inexplicáveis diante da corrupção e desmandos no andar de cima, mesmo aí, vê-se que os ataques apoiados pelo presidente contra o Supremo são ensaios de um populista que visa subverter nossa democracia numa aventura a lá Hugo Chaves, na Venezuela, Viktor Orbán, na Hungria, ou Vladimir Putin, na Rússia, mesmo que seu espelho seja Donald Trump, outro candidato a ditador. As democracias, no Brasil e nos Estados Unidos, estão ameaçadas caso esses presidentes sejam reeleitos. Aí sim, correremos sérios riscos de ver suprimida a democracia liberal em nossos países. Mais fácil de acabar aqui do que lá, onde há a crença arraigada na independência dos poderes e das instituições. Nossa jovem democracia vive combalida diante dos escândalos de corrupção e desmandos q