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A ESCRITA E O ESCRITOR

Uma coisa é escrever, outra é ser escritor. A escrita pode ser apenas desabafo, passa tempo, uma forma de organizar a alma, as emoções... Neste sentido é usada, inclusive, como tratamento em algumas enfermidades. Pode ser que nesses momentos a pessoa produza coisas muito boas, curiosas, afinal, trata de sofrimentos que são comuns a muitas pessoas, e mesmo as que não têm os mesmos sofrimentos vão entender o que ela escrever.   É ainda um processo de autoconhecimento, porque à medida que você coloca suas emoções no papel, você estabelece um diálogo com você mesmo, e certamente a escrita vai lhe ajudar em questões importantes em sua vida, porque ao colocar para fora essas questões você vai poder olhar para elas com mais clareza. Enquanto a escrita está nesse patamar a pessoa é apenas um... um sofredor. Um diletante..., na maioria dos casos sequer tem vontade de apresentar o que escreveu para as outras pessoas. Porque lhe falta motivo, autoconfiança, e porque não escreveu pensando no

VOZ QUE VEIO DE LONGE

Há um mês recebi uma ligação que me deixou com as orelhas em pé como cachorro espantado, o cara me fazia perguntas estranhas, coisas que eu sabia que tinha vivido e outras que eu nem lembrava mais. Mas enquanto ele falava sem se identificar a voz foi ganhando contornos e recompondo uma história de 40 anos. Gritei feliz: sei quem você é! Você era o mais branco da turma! Porque eu já sabia com quem falava, mas não lembrava o nome. Ali ele se revelou, era Serginho, Serginho Pimentel. Começamos a rir e emendamos num papo de mais de uma hora, coisa inusitada para mim que sempre sou breve ao telefone. Lembramo-nos do João, com quem ele tem contato permanente, e nos perguntamos pelos outros da turma: Léo, Ruth, Chico e sua irmã...1978, 79, 80, SESC da Tijuca, João do Vale, ditadura militar, Geração 477, e os companheiros da arte, quanta água passou por esse rio. A memória vai me trazendo as fisionomias, mas os nomes de tantos não. Serginho é profissional de áudio visual em Brasília e crio

AMOR E SORTE, MAS NEM SEMPRE

O segundo episódio da série Amor e Sorte, da TV Globo, ficou a desejar. Não em relação ao casal de atores, Lázaro Ramos e Taís Araújo, já reconhecidos pelo talento, mas a dramaturgia de pouco humor, e sem densidade dramática, deixou os atores a mercê de suas performances apenas, e isso não salvou o episódio. Ao contrário do capítulo de estreia com Fernanda Montenegro (Gilda) e Fernanda Torres (Lúcia), mãe e filha na vida e na ficção, onde o humor e a densidade dramática caminharam lado a lado dando suporte as performances das atrizes. O de ontem, 15 de setembro, apostou num tema político, mas carente de simpatia, que apesar de atual já parece remoído, passado, mesmo que continuemos vivendo nesse tumultuado mundo político que temos, e das mazelas da pandemia, que somadas as de sempre deixa o quadro ainda mais dramático. Luxo mesmo foi ver o embate das duas Fernandas nessa temporada de tantas reprises, até no noticiário, pois o que vemos diariamente nos escândalos de corrupção é o

VIVA A LEI!

Hoje acordamos com a notícia alvissareira do afastamento do governador Witzel, prisão do presidente de seu partido, mais algumas prisões e apreensões envolvendo a cúpula do governo, e prisão de um desembargador, todos envolvidos de corrupção nos gastos emergenciais da pandemia. Mas isso é muito pouco diante de nosso desalento, porque já aguardamos a hora em que todos estarão livres e faqueiros para delinquir novamente.      Na primeira instância a lei prende os pobres, e solta os traficantes, enquanto os desvalidos morrem de balas perdidas nas ruas e até dentro de casa, pois não há lugar seguro nesta cidade. Os bandidos perigosos, mas endinheirados, quando são presos, saem sorrindo da cadeia com o alvará de soltura na mão,  não importa os crimes quem tenham cometido. No andar de cima, bem lá em cima, o Supremo se encarrega de soltar os bandidos do colarinho branco, quando prendem. Para esses parecia que o tempo havia chegado, mas foi nosso engano. Eles continuam protegidos,

UM DIA NO VELHO OESTE

No Velho Oeste ele nasceu. Não sei se se criou entre bravos, mas se fez xerife e como paladino da justiça, um dia achou que poderia livrar a cidade dos bandidos que a dominavam. Com a ajuda de outros jovens xerifes, não comprometidos com os descaminhos dos velhos homens da lei que sempre pactuaram com os velhos bandidos, criou uma força tarefa e foi atrás dos meliantes que sugavam as riquezas de todos. Não foi uma luta fácil, era um grupo pequeno contra não apenas uma, ou duas quadrilhas, como se verificou no curso da história, mas várias. Quanto mais eles descobriam e pegavam bandidos, mais eles apareciam. Bandidos pequenos, grandes, donos do pedaço. Não tivesse sido a tenacidade do grupo eles teriam sucumbido. Finalmente o povo achou que havia chegado a um Novo Oeste, que se não acabara com a bandidagem, pelo menos, dera cobro, que a partir dali os poderosos pensariam duas vezes antes de delinquir, graças ao grande xerife e sua turma. Tadinho daquele povo.       Pois q

QUATRO MESES

Depois de quatro meses sem sair de casa aproveitei o dia lindo que fez ontem para matar a saudade do Aterro do Flamengo. Eu e Carla (a única que tem saído regularmente para o supermercado) pegamos nossas máscaras e descemos a rua. O movimento estava praticamente normal com muita gente trabalhando e passeando, não fossem as máscaras não diríamos que estamos numa pandemia. Muita gente sem máscara, pelo menos, 40% do rebanho, que me deixou confuso sem saber se era resultado de uma estafa natural da quarentena, ou pura irresponsabilidade daqueles que mesmo diante dos mais de setenta mil óbitos do Covid-19, agem com inconsciência diante da tragédia, insensíveis a dor das famílias e a própria saúde. O dia estava lindo e a paisagem única do Aterro nos deixou felizes e cheios de planos para o futuro próximo, nos prometendo curtir mais esses momentos, viajar mais e abraçar as pessoas queridas. O mar calmo estava cheio de velas brancas dos pequenos barcos, do aeroporto Santos Dumont s

LIÇÕES DO CONFINAMENTO

Ainda em meio à pandemia que nos obriga a ficar presos em casa (nem todos), vendo o mundo através das janelas eletrônicas, da televisão, do computador e do celular, acompanhando os noticiários oficiais e as fofocas das redes sociais, que algumas vezes se confundem e nos deixam sem saber onde está a notícia e onde está a fofoca, vamos tirando conclusões sobre o que nos acontece, e como pensamos sobre o que virá depois desse confinamento. No primeiro momento nos regozijamos com a limpeza dos céus e das águas dos oceanos, vimos animais silvestres andando pelas ruas das cidades desertas, até mesmo feras do profundo das matas deram as caras com a saída dos humanos de circulação. Descobrimos o que já sabíamos, que menos gente e, principalmente, menos automóveis nas ruas, são melhores para o planeta. Mas tudo tem seu lado positivo e negativo. Ao lado da melhoria na poluição atmosférica, não na Amazônia brasileira naturalmente, onde a estupidez humana aumentou os desmatamentos e a